Livro dos Espíritos

Terceira parte – As leis morais

Capítulo II – Lei de adoração

Item  –  Objetivo da adoração

Questão 653a

653 a) A adoração exterior é útil?

“Sim, se não for um vão simulacro. É sempre útil dar um bom exemplo; mas os que o fazem apenas por afetação e amor-próprio e
cuja conduta desmente a sua piedade aparente, dão, antes, um mau exemplo e causam mais mal do que pensam.”

Mensagem de encerramento

Queridos filhos, queridas filhas. Eis a pergunta que quero deixar no coração de vocês: foi o Cristo um ser afetado, como são vocês, palestrantes espíritas? Foi Jeremias, um austero profeta, um ser afetado? Preocupado com o seu Ibope? O que vão dizer de mim? Não, filhos. Os verdadeiros profetas, quase sempre, quase a totalidade, foram seres que foram banidos do seio do próprio povo!

Vocês entendem isso? Vocês estão na terra, filhos. Aquele que consegue muita adoração tem que desconfiar. Ora, um porco que vive na lama com os outros porcos e que falar da limpeza, não pode ser adorado pela maioria. Entende isso filho? Se o mundo tem seus ídolos normalmente são aqueles que defendem a podridão, porque todo mundo se sente confortável na sua lamazinha às vezes tão bem escondida dos homens, mas tão clara para Deus.

Então não adianta achar que status espírita, que cátedras religiosas ou acadêmicas são qualquer sinal útil. Ao contrário, tendem a ser sinais que você está em situação de grande perigo! Porque às vezes indivíduo se torna popular por causa nobre, mas tantas vezes, para manter o alimento de seu amor-próprio, ele se corrompe. Não é essa a história da grande maioria de indivíduos da história humana? De líderes? Quão poucos líderes souberam renunciar à riqueza e à popularidade para manterem-se fiéis a Deus? Vocês não conhecem a história de vocês? Quantos, como D. Pedro II, é capaz de renunciar tudo e ter uma morte num isolamento total praticamente, esquecido e abandonado? Quantos?

E quantos não fazem pacto gerando os maus-tratos do povo para manter uma situação de destaque? Quantos estão dispostos a anonimamente sofrer com os mais fracos? E quantos não estão dispostos a fazer os acordos tenebrosos, de movimento espírita, que nós conhecemos tudo e ir para os palcos da loucura com a sua afetação, promovendo-se, expondo a sua piedade. Claro que muito mais aparente do que real. 

Quantos renunciam a cargos e à fama para testemunhar solitariamente a verdade cristã em seu dia a dia? Filhos, se movimento espírita está nesta situação tão deplorável, é porque vocês permitiram serem contaminados por esta falsa manifestação da lei de adoração. Vocês adoram historietas! Vocês adoram piadinhas, às vezes indecorosas, mas contada por palestrante famoso? Então pode! Vocês adoram lugares elegantes! Mas esquecem de adorar o Cristo filhos. Instituições importantes, que valem tudo isso? Quantos templos grandiosos hoje estão totalmente desaparecidos da história, que vocês nem sabem que existiram! E vocês acham que o seu centro espírita vai resolver tudo. “Porque fulano disse isso pra mim”; “porque beltrano pegou na minha mão”; que coisa triste filho! Quando teu guia espiritual está ao teu lado de braços abertos e você não lhe dá a menor atenção. 

Fiquemos alertas. O verdadeiro cristão não tem afetação, tem sinceridade! O verdadeiro cristão sabe que possui amor-próprio e todo dia sofre para transformá-lo. O verdadeiro cristão é aquele que a cada instante lembra dos que sofrem mais do que ele e algo faz, algo faz, para amenizar os sofrimentos daqueles que estão piores. Seja uma prece, uma doação material, um sorriso, ainda que seu coração sangre, ele diz: “mas o coração desse outro está mais sofrido do que o meu, não posso contaminá-lo com a minha dor porque a dor dele já é maior do que a minha”! Isto é uma verdadeira adoração exterior.

Muitas vezes filhos, adoramos a Deus sorrindo, dando ânimo e coragem, ainda que sangremos por dentro. Ainda que nossa alma esteja trêmula de angústia, a gente diz: “Pai me ajuda a amparar este idoso, essa criança que se sente abandonada, porque a dor dele é maior do que a minha”. Esta é piedade cristã. Isto sim. Entender tantas vezes que aquele que está diante de ti sofre muito mais, angustia-se muito mais. 

E aí num impulso a Deus você solicita algo que não tem, virtude que não possui para que consiga amenizar o sofrimento deste teu irmão que está diante de ti. Por isso filho, ama e tu estarás adorando a Deus, mas ama sem afetação, sem palavras doentias, sem busca de querer sentir-se melhor, mas entendendo que, sim, muitos sofrem muito mais do que você está sofrendo nesse momento, e você pode aliviar a dor dele fazendo algo em nome de Deus e vinculado a Deus e a teu anjo guardião, para que o teu coração frágil possa agir com a fortaleza do amor.

Paz, do amigo espiritual de sempre.