Perdão das nossas faltas |
Livro dos Espíritos
Terceira parte – As leis morais
Capítulo II – Lei de adoração
Item – Sacrifícios
Questão 669 b
669. b) De acordo com esta explicação, os sacrifícios humanos não se teriam originado de um sentimento de crueldade?
“Não, mas de uma ideia falsa de ser agradável a Deus. Vede Abraão. Mais tarde, os homens abusaram disso, imolando seus inimigos até mesmo os particulares. Além disso, Deus nunca exigiu sacrifícios, nem de animais, muito menos de homens; ele não pode ser honrado, através da destruição inútil de sua própria criatura.”
Mensagem de encerramento
Queridos filhos, queridas filhas.
Que o Cristo esteja conosco neste momento de paz, de reflexão importante, de compreensão inclusive de si mesmo.
Quem de nós poderá dizer que nunca cometeu um sacrifício inadequado? Quem de nós poderá dizer que nunca fez algo pensando sinceramente em agradar a Deus e depois descobre que haveria maneiras mais sábias de agradar a Deus? Este ponto que eu quero conversar com vocês hoje. Sim, o sentimento é o mais importante, não vamos mais discutir isso porque toda hora a Codificação nos ensina isso. Porém, esse sentimento pode e deve se expressar de maneira cada vez mais sábia.
Muitas vezes você quer o bem de uma criança, mas você não tem a sabedoria de conduzi-la ao bem. Veja como é importante também ter este saber: você pode querer ensinar muito, com toda intenção do mundo, alguém a ler, mas você não aprendeu a ler, ou sabe ler mas não sabe ensinar a ler, que são coisas diferentes. E aí você não pode conseguir isso de maneira adequada. O que quero dizer, filhos, a vocês, é que: é preciso se tornar sábio. É preciso ter isso como meta. Todos vocês precisam querer tornar-se espíritos sábios, porque somente os sábios conseguem unir a verdadeira intenção e a verdadeira ação.
Nós não podemos desprezar a ação. A intenção é a base, mas a base não é todo o edifício. É a ação que irá construir o edifício da tua fé, da tua obra. O edifício simbólico, que é a tua encarnação. Claro, se você tem uma intenção pervertida, mesmo que não vá construir coisa boa e mesmo que construísse algo aparentemente bom, isso seria destruído, porque cairia. Porque não tem uma base sólida. Então, precisa ter base sólida. Mas entendam: a base sólida é fundamental. Como vocês dizem: fundamento. Mas, base sólida, apenas, também não resolve.
Então a partir de uma base sólida de um sentimento sincero é preciso saber agir. É preciso ter ação adequada. É preciso compreender como se dá o passo-a-passo de uma construção. Entende, filho, como acertar na vida apenas com uma intenção sincera? Não consegue. O que eu posso dizer é que quem erra com a intenção sincera, conserta mais fácil, mas tem que consertar. Claro que tem. Porque a obra tem que ser uma obra bela, harmônica, bonita em base sincera e verdadeira. Isto é obrigação de todos vocês. Ninguém escapa disso. Na verdade, nenhum de nós, nenhum espírito do universo pode abrir mão disso.
Porque Deus, como Criador, nos criou como cocriadores. O que significa isso? Que todos nós temos a obrigação e o desejo de realizar uma obra nossa, particular, individual. E é nessa obra individual que precisaremos muito da ajuda do Cristo. Porque o Cristo não apenas nos ensinará como ter uma base sólida, mas o Cristo possui o conhecimento técnico de como nos orientar para construirmos a nossa obra particular.
Vejam que figura extraordinária o Cristo. Ele tem conhecimento técnico melhor para a obra individual de cada um dos muitos bilhões de espíritos que Ele orienta. Ele olha para um e diz: “olha, a forma que você tem que seguir para conseguir sabedoria e conseguir sua obra, é essa”. Cada um de nós tem um caminho para a sabedoria. Ou melhor, cada um de nós aprenderá sabedoria em caminhos específicos, mas todos dentro do caminho verdadeiro, que é o próprio Cristo.
Então, imagine como sendo um caminho como aqueles dos corredores: cada um tem o seu pequeno percurso. Só que se diferem muito. Mas todos eles estão na imensa estrada, que é o Cristo. Então o Cristo vai nos acompanhar nas coisas particulares que nós enfrentamos em nosso caminho para aprender a sabedoria; para entender como agir cada dia. Não pensa que basta ter boa intenção para educar, filho. Não. Tem que saber! “Ah, mas eu não sei”. Tem que aprender. Estudando, observando e pedindo ao Cristo o auxílio para completar aquilo que você não é capaz de adquirir por si mesmo.
Então a relação com Cristo se torna uma relação prática, técnica, uma relação de construção. “Como faço para resolver o problema desta coluna?”; “quantas colunas preciso ter em minha obra?”; “quantos andares terá o meu edifício?”; “como distribuir isso?”; são milhares de questões que vocês precisam, todo dia, pensar sobre um pouco delas. “Como lido com o temperamento do meu filho mais novo que é tão diferente do meu primeiro filho? Como lido?” Tem que pensar. Tem que observar. Tem que ler. Tem que estudar. Tem que ouvir. E, acima de tudo, tem que orar. É um conjunto. Não se adquire sabedoria apenas por meio de inspiração espiritual. Deus não quer que seja assim. Mas também é impossível adquirir sabedoria apenas com livros e com os diálogos humanos. É preciso somar tudo. Pegar as informações e pedir para que o Grande Orientador da construção do mundo nos ajude.
“Senhor, eu aprendi isso e isso e estou pensando que solução seria essa, mas não está tão claro assim”. E aí Ele completa. Então a nossa relação com o Cristo, para nós que buscamos a verdade, é uma relação de complemento. Somos alunos que precisam refletir individualmente. Somos alunos que precisam estudar sozinhos. Somos alunos que precisam estudar em grupo. E, acima de tudo, somos alunos que precisamos da presença do Mestre em nossas vidas todos os dias.
Com esse conjunto de esforços, acertaremos. Os erros serão pouco a pouco corrigidos. E passo a passo iremos adquirindo sabedoria. Por isso desejo a vocês esta reflexão sincera: antigamente se matavam seres humanos com intenções boas. Será que eu não fui um desses? E hoje, será que, mesmo com intenção boa, não poderia eu estar destruindo algo divino? Perguntemos isso, porque a verdadeira sabedoria precisa ter como referência a humildade. A humildade que ora está sempre rogando ao Mestre que nos ajude a corrigir nossos tão repetidos erros, mas que para nós parece até verdade.
Esta é a postura que inicia a sabedoria: – “Eu não sei tudo. Deus sabe mais. O Cristo pode me explicar o que Deus sabe. O Cristo pode me explicar numa linguagem que eu compreenda a vontade do Pai. Recorrerei a Ele constantemente e estarei disposto a ir me corrigindo, porque se continuo sacrificando outros com a boa intenção, isso terá duas soluções: ou eu descubro que estou errado e paro ou eu começo a gostar e começo a perverter meus sentimentos. Então daqui a pouco estou cometendo verdadeiras atrocidades em um processo que começou em nome do bem, mas se tornou profundamente negativo.”
Peçamos ao Cristo, luz, para cada decisão importante de nossas vidas para que não nos tornemos sacrificadores perversos. Que o Cristo mantenha os nossos corações em paz em momento difícil que atravessa a Pátria do Evangelho. Não esqueçamos a aqueles que estão sacrificando, enganados, iludidos, pensando que fazem boa obra. Para nós, cristãos, não há mais desculpa. O Cristo já nos ensinou que é errado a destruição da criatura em nome de Deus ou de qualquer outra desculpa para se fazer o mal.
Que vocês fiquem em paz,
Do amigo espiritual de sempre.