| Perdão das nossas faltas |
Livro dos Espíritos
Terceira parte – As leis morais
Capítulo II – Lei de adoração
Item – Sacrifícios
Questão 671
671. O que devemos pensar das guerras chamadas santas? O sentimento que leva os povos fanáticos a exterminar o maior número possível, daqueles que não comungam de suas crenças, tendo em vista ser agradáveis a Deus, poderia ter a mesma origem daquele que os incitava, outrora, aos sacrifícios de seus semelhantes?
“Eles são impelidos pelos maus espíritos e, fazendo a guerra aos seus semelhantes, vão contra a vontade de Deus, que diz que se deve amar seu irmão, como a si mesmo. Com todas as religiões, ou melhor, todos os povos, adorando um mesmo Deus, qualquer que seja o nome que lhe atribuam, por que empreender, entre si, guerra de extermínio, apenas porque suas religiões são diferentes ou por não ter ainda atingido o progresso da dos povos esclarecidos? Os povos são desculpáveis por não acreditarem na palavra daquele que o espírito de Deus animava e que foi enviado por ele, principalmente, se não o viram e se não lhe testemunharam os atos; e como quereríeis que acreditassem nessa palavra de paz, quando a ides levar empunhando a espada? Eles devem se esclarecer e devemos procurar fazê-los conhecer sua doutrina, através da persuasão e da brandura e, não, pela força e pelo sangue. A maioria de vós não acredita nas comunicações que temos com certos mortais; por que quereríeis que estranhos acreditassem na vossa palavra, quando vossos atos desmentem a doutrina que pregais?”
Mensagem de encerramento
Queridos filhos, queridas filhas.
Que o Cristo, nosso Mestre tão amado, toque nossos corações para que possamos reconhecer o quanto ainda estamos longe de compreender a Deus.
Já pensou se o Cristo, olhando pra gente, com a sua compreensão extraordinária sobre o Criador do universo, um contato claro com o Pai, olhasse para nós e dissesse: “por que você compreende Deus de uma maneira tão grosseira, tão tosca eu vou lhe torturar, eu vou lhe punir, eu vou matar você”. Já pensou? Não escaparia nenhum espírito do planeta Terra, porque Ele tem a máxima compreensão. E você iria gostar disso? Não. Errado.
Então por que muitas vezes nós queremos fazer o mesmo? “Por que não compreende Deus como eu compreendo? Por que não tem a sabedoria que eu tenho? Por que não sabe das coisas espirituais como eu sei?” Ora, filho, o que na Terra se sabe da vida espiritual é quase insignificante, em relação ao que de fato ela é. É tão pouco que vocês nem imaginam. É como se você conhecesse apenas a bandeira de um país e achasse que conhecesse o país todo. Você vê a bandeira de um país, estuda a bandeira, entende, mas não sabe onde se localiza esse país, mas não sabe como eles falam, não sabe os costumes e aí você diz “ah, conheço muito bem esse país”.
O pouco que vocês conhecem – digo quem estuda mesmo – da vida espiritual, é mais ou menos isso, filho. É como conhecesse a bandeira, sabe alguma coisinha, mas, mesmo os estudiosos espíritas, não têm a menor ideia do que é a vida espiritual no Universo. Quase zero. Muito pouquinho, 0,1%, 0,2%. Mas por isso seria justo que os espíritos superiores viessem massacrar vocês, viessem humilhar, viessem causar dores, viessem desprezar? Não, filhos. Claro que não. Seria uma aberração. Por isso, filhos, vocês também não podem humilhar, massacrar aqueles que conhecem menos. Seria também, igualmente, uma aberração.
Portanto, precisamos entender que somos crianças aprendendo a falar a língua universal. Que somos pequenos seres comparados com esses que regem os nossos destinos. Que somos ainda pequenos e humildes aprendizes, não por humildade falsa, mas por fato verdadeiro. Quem de vocês, desencarnando hoje, saberia se localizar no Universo? Saberia pelo menos transitar com um certo equilíbrio pelo sistema solar? É, filho, o que é o sistema solar para a galáxia? Um quase nada. Um quase nada.
Mas tudo tem muito valor, porque o que dá valor às coisas não é a comparação competitiva. O que dá o real valor de tudo o que existe no Universo, filho, é o amor de Deus. Tem que entender isso. O valor de um silvícola não é medido pela tecnologia que ele tem ou que ele não tem: é o amor de Deus. O valor de vossos sábios não são os títulos ou o que ele descobriu aqui ou ali, quase sempre descobertas imperfeitas. O valor dele é o amor. É o amor de Deus. E é também o amor que ele possa ter pela humanidade.
Então muitas vezes vemos um ser no mato, vivendo de forma rude, mas Deus o ama igualmente e muitas vezes ele tem um amor profundo pelo seu filhinho, pela sua filhinha, pelo seu povo e isso é o que dá o valor a ele. Não é carregar um celular no bolso, ou uma caneta com luz ou com laser… não, não, não! Porque tudo isso é grosseiro, tudo isso é muito rude. Os vossos equipamentos comparados com as grandes civilizações espirituais são praticamente pedras polidas; pedras polidas, filhos.
Entendam, não digo isso para aniquilar, para humilhar, mas para que a gente tenha um senso de proporção real. Tudo tem o seu valor porque está vinculado ao amor de Deus. Tem que entender isso. Porque se entender isso não tem mais guerra. Se entender isso não tem competição estúpida e maluca: “ah, tenho carro melhor”, “tenho uma blusa melhor”, “ah, viaja para um lugar que eu não posso”. Isso é quase um nada. A pergunta é: você tem o amor de Deus, filho, em si? Ele te deu. Você o recebeu? Recebeu quanto?
E há outra questão: porque se recebeu esse amor, naturalmente ele se expande ao teu redor, então, o quanto você acolhe do amor de Deus vai ser o quanto você esparge o amor de Deus. Não é óbvio, filho? Você só pode partilhar aquilo que tem e você só pode ter aquilo que recebe, já que você não sabe criar amor. Isto é o que dá valor a tudo. Com essa percepção de vida, não mais guerra, não mais competição, não mais ódio justificado sobre doutrina social ou uma religião doentia. Não. Cristianismo! A religião que ensina que o amor é o único princípio que não se pode perder. Por isso aprendamos a receber o amor de Deus porque isso também significa partilhar o amor de Deus com todos.
Que vocês fiquem em paz,
Do amigo espiritual de sempre.