Necessidade do trabalho |
Livro dos Espíritos
Terceira parte – As leis morais
Capítulo III – Lei do trabalho
Item – Necessidade do trabalho
Questão 679
679. O homem que possui bens suficientes para garantir sua existência está dispensado da lei do trabalho?
“Do trabalho material, talvez, mas não da obrigação de se tornar útil segundo os seus meios, de aperfeiçoar sua inteligência ou dos outros, isso é também um trabalho. Se o homem a quem Deus concedeu bens suficientes para garantir sua existência não é obrigado a alimentar-se com o suor do rosto, a obrigação de ser útil aos seus semelhantes é muito maior, pois a parte que lhe é dada antecipadamente lhe permite ter mais tempo livre para fazer
o bem.”
Livro dos Espíritos, Lei de trabalho, tradução nossa, destaque nosso.
Mensagem de encerramento
Queridos filhos, queridas filhas,
Que o Mestre nos ajude neste instante a entender com equilíbrio e com profundidade a beleza dos ensinos daqueles que agem em seu nome, com sua autorização, com sua supervisão, com sua proteção.
Entendamos, as riquezas do mundo são de Deus. Ou não? Quem de fato é o dono da Terra? Quem de fato manda nos oceanos? Quem é aquele que pode direcionar e destinar o ouro do mundo, senão o Criador? Quem é aquele que Ele nomeou para tomar todas essas decisões em nome dEle, senão o Cristo?
Portanto, o espírito nada tem de posse material porque Deus não o deu para ele. Os espíritos são muito sábios ao colocar “os bens que Deus deu antecipadamente”. Por que antecipadamente? Porque um dia, sim, Deus dará uma porção do universo para você administrar! Não há dúvida nisso. Mas hoje, não, porque você não tem condição. Mas, às vezes, Ele concede algo antecipado para que você vá treinando. Você consegue imaginar que possuir uma imensa fortuna, do ponto de vista do mundo, pode ser entendido apenas como um mero treino? Porque um dia você terá todo um planeta para administrar. Consegue entender isso, filho? E que, ainda que cometa erros lamentáveis, será um processo de aprendizado para, um dia, quando de fato você tiver poder sobre riquezas do mundo material, você agir com sabedoria?
Quem é a maior fortuna do mundo? Na verdade, não há um ranking, não há uma lista, porque só há um dono do mundo, se chama Jesus de Nazaré. E por que ele é o dono do mundo? Porque o Criador do universo concedeu a Ele todas as condições de fazer o que achar melhor. Você entende que o mundo, para o Cristo, é uma fazenda que o Pai deu para Ele cuidar? Consegue entender isso, filho? Que o mundo é um pequeno recanto da vinha do Pai que disse: ‘aquele pedacinho de terra ali, redondo, pequeno, toma conta, filho’. Ele disse isso para o Cristo. Foi. ‘Toma conta, filho, desse pequeno pedaço de terra e vê o que consegue fazer você, e vê o que você consegue produzir neste pequeno pedaço de terra pedregoso e árido, que ainda é a Terra. Trabalha, filho, para que um dia esse pedaço de terra, que produz tão pouco, um dia tenha uma produção maravilhosa’. Então é tudo dele. Esse pequeníssimo pedaço de terra que é o planeta que vocês habitam, é do Cristo! Porque foi dado pelo único ser que de fato pode dar, que se chama Deus.
Então, filho, não te iluda com riqueza material porque não é tua. É apenas uma antecipação para ver como você pode agir, mas não é teu. Então, dar riqueza não é dar, é transferir, é simplesmente um ato de justiça. Compartilhar aquilo que está na tua mão, mas que não é teu. É como teu pai que pega e diz: toma, filho, R$100,00 (cem reais) para você ir lanchar, mas eu quero que o resto do dinheiro você ajude aos outros. É a mesma coisa. O dinheiro é teu? Não. Teu pai que te deu, não foi você, mas ele te deu com um compromisso: que você lanche, mas que você dê lanche para outros que não têm dinheiro. É só um treino, filho.
Agora, se você quer evoluir, não se iluda que simplesmente ir lanchar e pegar o que sobra e dar lanche pros outros é a tua missão no mundo. É um pouco estúpido, né, filho, pensar assim, que tua vida deve se resumir a ser um mero pagador de lanche para os outros. Ah, é bom, claro que é bom, mas é muito pouco, eu penso. Pelo menos para quem está na Terra e já conseguiu entender muitas coisas. Então qual a tua obrigação? Tua obrigação está explicada claramente a lei de trabalho. Usa todo o teu tempo livre para melhorar tua inteligência e melhorar a inteligência dos irmãos. Muito triste ver a estupidez dos espíritas que possuem muitos recursos. São muito estúpidos, porque eles se deixam iludir pelo mundo e como o movimento espírita não conhece nada de Kardec, acha que é o certo. Não é, não, filhos, não é. Não está certo.
Cadê as grandes obras do desenvolvimento da inteligência, pelos espíritas? Onde estão os grandes cursos, as grandes universidades, as grandes pesquisas, os grandes eventos? Grandes que eu digo é com muita qualidade. Não vemos. Vemos a exibição, muito dinheiro para ir para lugares elegantes, muito dinheiro para esnobar para os outros. Onde estão os grandes centros de estudo? Onde estão apoio aos sábios que poderão estudar e educar a multidão espírita? Ninguém faz isso, filhos. Bando de estúpidos. São estúpidos, porque pensam que podem, com o troco que sobra de suas despesas, com as migalhas que deixam cair na mesa, conquistar o reino de Deus. São estúpidos.
É preciso alertar com carinho, mas com austeridade. Por que? Porque morrerão. Todos esses tolos que acham que a sua fortuna conquistou muita coisa, porque pagou isso, pagou aquilo, são os mesmos espíritos levianos que achavam que iam comprar a salvação das instituições religiosas. E aqueles que as vendem são os mesmos sacerdotes, e agora nos centros espíritas fazendo de conta que “ah, fulano faz muita caridade”. Não, não faz caridade. Ele alimenta a vaidade. É muito diferente, filho.
Tem que se preocupar. Cada um tem algum recurso. Tem que se preocupar. Tem que, discretamente, de forma muito serena, se indagar: faço a caridade ou alimento a minha vaidade? E buscar o caminho da caridade verdadeira. Esse é um desafio extraordinário. Peço que vocês pensem nisso, porque, independente da fortuna que cada um possua, independente de quantidades e quantidades de bugigangas, de números, de cifras, de tudo… morrerás. Partirás brevemente deste mundo infeliz. E o que terá em tuas mãos? Doações vaidosas ou calos espirituais por ter tido tempo para se devotar ao desenvolvimento da inteligência, por se devotar a amenização dos sofrimentos, por se devotar à construção de um mundo verdadeiramente melhor?
Que vocês fiquem em paz,
do amigo espiritual de sempre.