Aula 2 – Anjo guardião, uma relação de amizade: Bezerra de Menezes e Santo Agostinho

angel carrying the cross statue

Aula 2 – Anjo guardião, uma relação de amizade: Bezerra de Menezes e Santo Agostinho

É possível ser amigo de nosso anjo guardião?

Bezerra de Menezes e Santo Agostinho

Livro dos Espíritos – Santo Agostinho e São Luís

495. Algumas vezes, o espírito protetor abandona o seu protegido, quando este é rebelde aos seus conselhos?

“Ele se afasta, quando vê que seus conselhos são inúteis e que a vontade de submeter-se à influência dos espíritos inferiores é mais forte; mas, não o abandona completamente e sempre se faz ouvir; é, então, o homem quem tapa os ouvidos. Ele retorna, desde que seja chamado.”

“Há uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos pelo seu encanto e pela sua doçura: a dos anjos guardiães. Não será uma ideia muito consoladora pensar em ter, sempre, junto de vós, seres que vos são superiores, que estão sempre, prontos a vos aconselhar, vos sustentar, vos ajudar a subir a montanha áspera do bem; que são amigos mais confiáveis e devotados do que as mais íntimas ligações que se façam, nesta Terra? Estes seres aí estão por ordem de Deus; foi Ele quem os colocou perto de vós; eles aí estão por amor a Ele; e cumprem, junto de vós, uma bela, porém, penosa missão. Sim, onde quer que estejais, ele estará convosco: os cárceres, os hospitais, os lugares de devassidão, a solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas de quem vossa alma sente os mais suaves impulsos e ouve os sábios conselhos.”

“Se conhecêsseis melhor essa verdade! Quantas vezes ela vos ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes vos salvaria dos maus espíritos! Mas, com frequência, este anjo do bem terá que dizer-vos abertamente: ‘Não te recomendei isto? E não o fizeste; não te mostrei o abismo? E nele te precipitaste; não te fiz ouvir, na tua consciência, a voz da verdade e não seguiste os conselhos da mentira?’ Ah! Interrogai vossos anjos guardiães; estabelecei entre eles e vós essa terna intimidade que reina entre os melhores amigos. Não penseis em lhes ocultar nada, pois eles têm o olhar de Deus e não podeis enganá-los. Pensai no futuro; procurai progredir nesta vida; vossas provas serão mais curtas, vossas existências mais felizes. Vamos! Homens, coragem!  De uma vez por todas, lançai para longe de vós preconceitos e segundas intenções; entrai no novo caminho que se abre diante de vós. Caminhai!Caminhai! Tendes guias, segui-os: Não percais de vista o objetivo, pois esse objetivo é o próprio Deus.”

“Aos que pensarem ser impossível que espíritos verdadeiramente elevados se consagrem a uma tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que influenciamos vossas almas, mesmo estando a vários milhões de léguas de vós: para nós, o Espaço nada é e, mesmo vivendo num outro mundo, nossos espíritos conservam sua ligação com o vosso. Gozamos de qualidades que não podeis compreender, mas ficai certos de que Deus não nos impôs uma tarefa acima de nossas forças e não vos deixou sozinhos na Terra, sem amigos e amparo. Cada anjo guardião tem seu protegido, pelo qual vela, como um pai vela por seu filho; fica feliz, quando o vê no bom caminho; sofre, quando seus conselhos são menosprezados.”

“Não temais fatigar-nos com vossas perguntas; ao contrário, entrai sempre em relação conosco: sereis mais fortes e mais felizes.

São essas comunicações de cada homem com seu espírito familiar que fazem de todos os homens médiuns, médiuns ignorados, hoje, mas que se manifestarão mais tarde e se espalharão, como um oceano sem-limites, para repudiar a incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí; homens de talento, educai vossos irmãos.

Não sabeis que obra fazeis desse modo: é a do Cristo, a que Deus vos impõe. Por que Deus vos teria dado a inteligência e o saber, se não fosse para compartilhardes com vossos irmãos, para fazê-los avançar no caminho da ventura e da felicidade eterna?”

São Luís, Santo Agostinho.

Diálogo mediúnico:

O estudo do tema anjo guardião deve nos fornecer as linhas mestras do que se espera de um espírito encarnado, não apenas no que se refere a este contato direto, porque este contato, acima de tudo, o desenvolvimento completo, planejado das metas da atual encarnação. Estejamos, portanto, sempre atentos de que o ano guardião não é apenas um amigo especial de ordem elevada. É, ao mesmo tempo, o companheiro de trabalho, o treinador, o guia, aquele a quem Deus incumbiu a missão de vos fazer progredir em inteligência, em amadurecimento emocional, em saber espiritual. Apenas atentos a esses objetivos poderemos ter o norte central desta relação que, certamente, se prorrogará ao longo dos milênios. Podemos começar, minha filha. 

Muito obrigada pela sua presença, amiga Patrícia. A nossa primeira pergunta de hoje é: seria possível traçar relações entre a personalidade do espírito Santo Agostinho e Bezerra de Menezes? 

Podemos citar algo sobre esses espíritos, pois, dialogando com eles tivemos a orientação de que poderíamos expor tudo aquilo que julgássemos útil para instrução dos seres encarnados pois, mais que ninguém, eles sabem que o Espiritismo só atingirá o patamar necessário para  transformar a Terra quando os indivíduos praticarem este tipo de comunicação continuadamente. Considerando isso, nos sentimos autorizados a elaborar um quadro geral do perfil psicológico desses dois espíritos. Devemos entender que tratamos aqui de uma relação que atravessou e atravessará muitos milênios. São espíritos que em épocas por demais recuadas assumiram um compromisso em aplicarem todo o seu potencial psíquico, emocional e, sobretudo, intelectual, mas de um intelecto iluminado, para auxiliar nas trevas que ainda se fazem em grande parte do psiquismo dos espíritos vinculados à Terra. Estamos diante de seres que nunca temeram ampliar sua capacidade de sentir. Portanto, são personalidades que se interpenetram por uma afinidade de usar uma poderosa inteligência guiada por uma emotividade profunda. Bezerra de Menezes é um espírito capaz de morrer de fome para dar o alimento a alguém que necessita que está diante dele. São seres que há muito aprenderam a seguir os impulsos superiores que brotam de dentro do seu ser. Realizaram a transformação emocional que um dia todos da Terra precisarão. Podemos apontar Bezerra de Menezes como o modelo de transformação emocional que todos os espíritas precisarão passar. A vida deste amigo é caracterizada pela emoção. Soube ele domar todos os impulsos da matéria transmutando-os em uma só emoção: compaixão. Ele era capaz de sentir a dor de todos aqueles que se apresentavam diante dele. As paixões da juventude sublimaram-se e ele se torna de capaz de amar inclusive aos seus inimigos. É o modelo que deveis olhar quando trabalhardes a vossa transformação emocional. Ele viveu esse processo de sublimação. Não foi simplesmente alguém que negou seus impulsos, ao contrário. Foi capaz de ampliá-los, aquilo que era sensualismo torna-se fraternidade pura. Aquilo que era satisfação sensual torna-se o gozo da verdadeira e sublime caridade. Assim também viveu Santo Agostinho. Intelecto dos mais poderosos, não pela mera acumulação do saber, mas por uma energia criadora direcionada sob os auspícios das esferas superiores da Terra. Compreendamos, portanto, a finidade profunda desses dois espíritos, verdadeiros gênios que permitiram que as suas paixões se ampliassem de forma infinita, ao mesmo tempo que guiaram com a sua vontade poderosíssima a uma sublimação que poucos ousam tentar. Bezerra de Menezes viveu momentos de muita intensidade moral. De transformações que podemos dizer reestruturaram para sempre o seu psiquismo. E sempre, muitas vezes na solidão do seu lar, estava ali acompanhado por Santo Agostinho que o induzia poderosamente à transmutação de todos os impulsos viciosos sem tolhê-los, no sentido de diminuí-los, mas ampliando-os cada vez mais até que se tornaram luz. Há esse paralelo psíquico, emocional e mesmo histórico que os estudiosos do movimento espírita um dia se darão conta de que é possível sempre tratar perfis de desafios, porque Santo Agostinho está absolutamente qualificado para esse tipo de transformação que seu protegido, Bezerra de Menezes, também viveu na proporção que lhe cabia. Portanto, estejamos sempre atentos que a relação anjo guardião-protegido sempre trará revelações educativas de alto valor para todos aqueles que se dedicarem com seriedade a refletir sobre esses temas. 

Agradecemos pela sua resposta. A nossa próxima pergunta é: Santo Agostinho continua como guia espiritual de Bezerra de Menezes? Se sim, que tipo de orientação Bezerra de Menezes receberia de seu anjo guardião?

Como afirmamos, a relação continuará por milênios. Podeis indagar, do ponto de vista limitado da matéria, mas agora Bezerra de Menezes sendo um espírito redimido, iluminado, para que precisaria de orientação? E aqui aproveitamos para esclarecer algo essencial para a compreensão espírita do universo e da vida: orientação não se dá apenas no sentido de um amparo necessário para a superação das paixões inferiores. É muito mais. Bezerra de Menezes dedica-se a um trabalho extremamente complexo de harmonização do movimento espírita mundial em algumas esferas, não nos referimos à direção geral, mas a, para utilizar uma linguagem humana, setores ou departamentos de trabalho. Essa integração entre países do movimento espírita requer um trabalho mais complexo, mais paciente do que se possa imaginar. E, ao realizar essa tarefa, enfrenta o amigo, tantas vezes, a ingratidão de muitos corações que repelem a sua orientação, e tantas vezes, as distorções características da mente encarnada. Buscando concatenar esforços entre milhares de espíritos de diferentes culturas muitas vezes carece de orientação, de uma opinião mais sábia e recorre, naturalmente, ao seu anjo guardião. Entendamos que as tarefas dos espíritos evoluídos se tornam cada vez mais desafiadoras e complexas. Se, de um lado, mantém o amigo extenso trabalho de consolo e suporte, de outro, continua a tarefa de integrar os espíritas. Diante dessa imensidão de desafios, Santo Agostinho é o amigo fiel que o ajuda nessas questões. Poderíamos adentrar em assuntos psíquicos mais profundos, mas isso hoje vos assustaria. Apenas queremos registrar que para lidar com todas essas questões é necessário o desenvolvimento de poderes espirituais que sequer suspeitais. É necessário algumas transformações emotivas tão sutis que a vossa psicologia sequer tem nome para elas, porque são integrações que exigem uma consciência muito mais plena, nessas tarefas também Santo Agostinho é o amigo e orientador de Bezerra de Menezes. 

Em 2017 registramos por escrito o diálogo acima sobre o tema que estamos estudando.

Agradecemos a sua presença Patrícia e, como primeira pergunta, qual a relação entre a personalidade de Eurípedes Barsanulfo e de seu guia Vicente de Paulo?

A relação do anjo guardião com seu protegido, sob o aspecto da personalidade, é um dos fatores centrais que se deve buscar para entender porque o espírito A foi eleito por Deus para ser guia espiritual do espírito B.

Muitos, inadvertidamente, poderiam pensar que basta ser um espírito superior e ter conhecimentos e virtudes para que se possa tornar espírito guia de qualquer outro espírito menos evoluído. Esse erro comprova a pouca penetração do pensamento do indivíduo quando este se utiliza do Espiritismo como uma doutrina teórica e não como uma estrutura conceitual que deve ser utilizada para examinar a vida e a relação entre os seres. Esta escolha, portanto, é algo de extrema importância, pois não basta estar acima do indivíduo na Escala Espírita para poder se tornar o anjo guardião.

Se todo Espírito mais evoluído pode e deve influenciar positivamente o Espírito menos evoluído, para tornar-se anjo guardião é necessário uma complementaridade de personalidade, de traços centrais de cada individualidade que se complementem e que se estimulem em profundidade.

Dito isso, podemos analisar que existem traços centrais que tornam a própria interpenetração dos fluidos entre Vicente de Paulo e Eurípedes algo profundamente poderoso.

Podemos destacar, sem invadir a intimidade desses dois grandes Espíritos que muito admiramos, a disposição de entregar-se a Deus. Eurípedes, em sua última existência, não apenas cumpriu uma missão externa. A sua realidade íntima foi muito mais desenvolvida do que qualquer realização no mundo da matéria, pois ele deu um passo, que os encarnados não podem avaliar, no seu poder íntimo de entregar-se a Deus.

A confiança desse Espírito em sua relação com Deus abriu-se de tal forma que ele passou a nada mais temer. Ele foi capaz, em uma pequena cidade do interior do Brasil, cercado das ameaças mais intransigentes em relação a sua fé, viver pacificamente. Não bastasse isso, a intensa movimentação espiritual para que a sua missão fosse distorcida era ativa e cruel; era ameaçadora e, podemos mesmo dizer, avassaladora, não fora a capacidade desse Espírito entregar-se a Deus.

Essa é a característica central do amigo Vicente de Paulo: um Espírito que nada teme, um espírito que se alegra com as adversidades; um Espírito que quanto mais se sente fraco mais se felicita, porque mais sente que está, simbolicamente, podemos dizer, nas mãos do Pai.

Isso aprendeu Eurípedes com seu guia espiritual. Por isso ele foi capaz de, visitando a gruta que era de sua cidade, entrar solitariamente nas próprias profundezas da terra, solitário, e ali dialogar com espíritos terríveis que se mancomunavam para atacá-lo.

Certa feita, seu guia lhe aparece, e diz: meu filho, está na hora de você desfazer o grupamento que tanto lhe ataca. Vá solitário à Gruta dos Palhares, vá para tal localização a muitos metros abaixo da superfície da terra e ali você encontrará muitos dos seus piores opositores. Vá lá desarmado emocionalmente e demonstre amor, eu estarei com você. Mas, acima de tudo, sinta: você está nas mãos de Deus. E, assim, esse Espírito passou  solitariamente, descendo inclusive fisicamente ao submundo, a dialogar com aqueles que o odiavam profundamente.

Esse é o traço profundo. E assim como bom discípulo de Vicente de Paulo, Eurípedes adquiriu uma fé inabalável em Deus. Nada pôde abatê-lo: nem a ameaça da prisão física, nem o ataque continuado das trevas, nem a má vontade humana. Assim, realizou as mais extraordinárias cirurgias mediúnicas; assim, amparou a todos os seus alunos, porque se sentia ligado ao próprio Criador do universo.

Gostaria de saber, quais as decisões dos encarnados que mais interessam a seus anjos guardiões?

Podemos ver, ainda citando didaticamente o exemplo desses dois amigos, que a primeira comunicação direta de Vicente de Paulo a Eurípedes foi sobre a relação de Eurípedes com o Cristo. Isso é o que mais interessa para todos os anjos guardiões: orientar o seu tutelado para que ele acerte no caminho que o liga ao Mestre de Nazaré. A comunicação de Vicente de Paulo foi clara e direta. Eurípedes deveria abandonar a Igreja e dedicar-se ao Consolador prometido por Jesus.

Essa é a preocupação central. O Espírito encarnado deve ter como  objetivo central aproximar-se do Cristo e essa é a principal preocupação do guia espiritual, quando o seu espírito protegido está encarnado. Porque, no mundo da matéria, a probabilidade de que o indivíduo se permita ser vencido pelos impulsos inferiores é muito mais alta do que no plano espiritual.

Deve o anjo da guarda ser o único espírito a se comunicar com seu protegido?

De forma nenhuma. Um Espírito que clame exclusividade e controle absoluto sobre outro, independente de qualquer pretexto, é um Espírito inferior. O exemplo máximo é o próprio Cristo e nunca ele exigiu dos seus discípulos mais diretos nenhum tipo de exclusividade, ao contrário. Quanto mais lúcido e amoroso é o Espírito mais ele compreende a beleza e o valor das múltiplas relações humanas para o enriquecimento da obra do Pai.

Não existe possibilidade de um anjo guardião que, por definição é um espírito superior, agir de forma exclusivista ou ciumenta com seu protegido, ao contrário, ele será o primeiro a estimular que esse indivíduo enriqueça as suas relações com Espíritos mais elevados e menos elevados do que ele.

O que preocupa, o que é objeto de atenção do anjo guardião, é a qualidade dessas relações. Eurípedes era orientado por Vicente de Paulo a relacionar-se com espíritos inferiores: com aqueles que o perseguiam, com aqueles que buscavam distorcer sua missão no mundo, preocupando-se apenas, orientando, como era seu papel, que essa relação fosse sempre baseada na misericórdia e no Evangelho. Mas nunca agiu, como nenhum anjo guardião nunca agirá, limitando a vida emocional de seu protegido, pois apenas uma vida emocional rica com uma pluralidade de relações baseadas no Evangelho poderá auxiliar ao seu protegido a elevar-se na Escala Espírita.

Como o anjo da guarda exerce influência em relação aos Espíritos que se relacionam com seu protegido?

Cabe ao anjo guardião ensinar ao seu protegido relacionar-se com cada espírito de personalidade diversa; cabe ao anjo da guarda ensinar a seu protegido relacionar-se com os criminosos, do além e encarnados; cabe ao anjo da guarda ensinar ao seu protegido relacionar-se com os poderosos, sem se contaminar e sem ser subserviente; cabe ao anjo da guarda ensinar ao seu protegido relacionar-se aos espíritos iluminados, sendo obediente e humilde, reconhecendo a sua inferioridade e, ao mesmo tempo, abrindo o coração para que haja um real aprendizado nesta relação. São apenas exemplos para ilustrar a minha resposta anterior.

Ao anjo guardião interessa que o seu protegido saiba valorizar a sua relação com todos os tipos de espíritos, encarnado e desencarnado; com todos os tipos de espíritos nas mais diversas classes sociais; com todos os tipos de espíritos das mais diversas classes sociais do mundo espiritual, para que em cada relação ele consiga aplicar em si mesmo o Evangelho do Cristo, agindo da maneira adequada segundo as sábias e elevadas leis de Deus.

Pode o anjo da guarda bloquear a comunicação de outros espíritos com seu protegido?

Em casos excepcionais, se julgar necessário, o anjo da guarda pode evitar que determinados espíritos se aproximem de seu protegido, pois, como dissemos, interessa a ele que seu protegido aprenda a relacionar-se com todos os tipos de espíritos. Porém, se observa o anjo guardião, que o seu protegido ainda não tem possibilidade de tirar um fruto espiritual de algum tipo de relação, que aquela relação poderá ser ou que será cem por cento prejudicial, sem que seu protegido sequer note o anjo guardião irá protegê-lo. O que significa, falando de outra maneira: se o indivíduo teve alguma relação de encarnado ou desencarnado é porque o seu anjo guardião vê, claramente, que existe possibilidade real daquela relação ser produtiva no aspecto espiritual; de que aquela relação poderá produzir sabedoria em seu protegido, cabendo ao protegido usar seu livre-arbítrio para que isso se concretize.

No caso de Eurípedes, Bezerra de Menezes era o espírito de maior ligação com ele? Se sim, porque ele não foi o seu anjo guardião?

Certamente a ligação entre esses dois amigos se perde ao longo de dezenas de milênios. Ainda assim, precisamos dizer, que a ligação com Eurípedes e Vicente de Paulo é ainda mais profunda e o exemplo da relação desses dois amigos, Eurípedes Barsanulfo e Bezerra de Menezes, exemplifica o que dissemos.

Não caberia um espírito tão evoluído quanto Vicente de Paulo sentir qualquer espécie de ciúme dessa relação, ao contrário, coube a esse espírito, em última instância, definir, incentivar e autorizar esse tipo de relação, pois como um anjo guardião, cabe a ele as decisões definidoras da existência de seu protegido.

É um exemplo em que queremos muito que o movimento espírita entenda: de não exclusivismo, de amizade, de generosidade, de trabalho em equipe. Podemos dizer que, na verdade, almeja todo anjo guardião que ao redor de seu protegido se monte uma extensa e a ampla equipe de trabalho em prol do bem. Porque sabe ele que quanto mais relações saudáveis, mais o indivíduo estará fortalecido para as duras e rudes provas da vida material.

Deve o anjo guardião interferir nas atividades espíritas e nas atividades profissionais de seu protegido?

O anjo guardião sempre interfere em todas as atividades de seu protegido. Mas aqui é muito relevante que se compreenda que não cabe ao anjo guardião tornar-se um ditador. Há uma intervenção sempre, mas uma intervenção sábia e amorosa, uma intervenção que não poupa o protegido de seu próprio aprendizado e também não o poupa dos muitos dissabores necessários ao processo de amadurecimento emocional.

Então podemos dizer: há sempre intervenção, mas uma intervenção que nunca cerceia em totalidade o livre-arbítrio do protegido, uma intervenção que nunca limita, de tal forma que o protegido se torne responsável perante as suas decisões.

As intervenções continuadas e constantes dos anjos guardiões ocorrem sempre no intuito de auxiliar o seu protegido a melhor aprender as lições da vida. Muitas vezes, essa intervenção se dá também no aspecto que, do ponto de vista do encarnado, é algo desagradável.

Acompanhamos muitos casos em que anjos guardiões intervém para que seja reduzido as condições de conforto material de seu protegido, numa tentativa desesperada para que haja uma atenção maior com as questões espirituais.

Portanto, a intervenção é constante, mas sempre considerando os interesses mais elevados do protegido e sempre deixando espaço para que a decisão última seja do espírito encarnado.

O anjo guardião permite que seu protegido erre sem interferir?

Certamente. A intervenção do anjo guardião nunca impossibilita o erro, pois essa seria uma intervenção autoritária. Ainda assim, quando erra, cabe ao anjo guardião auxiliar a seu protegido para que o erro se torne proveitoso, para que as consequências negativas do erro se tornem positivas, no sentido de se tornarem educativas.

Ao anjo guardião importa muito mais que o seu protegido aprenda do que erre ou não erre. O erro, sabe o anjo guardião, é impossível de ser evitado. O equívoco ocorrerá. O desvio de rota faz parte do processo evolutivo. Mas preocupa muito, no sentido de que este, o anjo guardião, dedica-se muito: a pensar, auxiliar e agir de tal forma que o erro se torne motivo de aprendizado.

Não cabe ao anjo guardião evitar o erro de seu protegido, cabe a ele auxiliar intensivamente seu protegido para que tire lições preciosas de cada erro cometido.

O anjo guardião pode ter mais de um protegido?

Certamente. As relações dos espíritos evoluídos nunca são de exclusividade. O ciúme é fruto da maldade humana que não acredita na generosidade do Pai. O ciúme é como a atitude do avarento em relação ao ouro: ele teme que seu ouro se acabe, ele teme que ele fique sem aquele benefício.

Aos espíritos lúcidos é evidente a grandeza do Pai. A abundância das relações é apenas um dos reflexos da abundância de Deus em toda a criação.

Portanto, não há uma limitação definida. Se o espírito é capaz, se o espírito se dispõe, o Pai permitirá a ele ter tantos protegidos quanto seja possível, quanto ele queira se dedicar.

Uma das maravilhas, se assim podemos dizer, da evolução espiritual é a ampliação da possibilidade de ação, tanto do livre-arbítrio quanto do poder.

O espírito pode decidir ter variados protegidos, inclusive, e espero que essa informação não vos assuste, protegidos em mundos diferentes. Tudo isso é possível, porque o amor de Deus nunca limita o coração humano. Sois vós que tornais o vosso coração pequeno por um ato contrário às leis do Criador.

Podemos dizer que conhecemos, de forma prática, o funcionamento dessa realidade, de amigos que possuem protegidos em mundos de variados graus evolutivos. Protegidos na Terra, protegidos em mundos mais evoluídos e mesmo protegidos em mundos menos evoluídos. Tudo isso é possível, porque o amor de Deus jamais é limitador. Todas as afirmativas que limitam o amor, que limitam a relação entre as criaturas e que limitam, por consequência, a relação da criatura com o Criador são mentirosas e equivocadas, porque o amor expande as relações, e é com muita alegria que nós podemos ensinar, dizendo: os espíritos verdadeiramente superiores possuem dezenas de comunidades de amigos em, pelo menos, dezenas ou centenas de mundos.

Crescer é ampliar as possibilidades de amar e cultivar amizades e relações em centenas de planetas, aprendendo com a beleza de cada um deles. Portanto, Deus também não limita a possibilidade de haver protegidos nem na Terra, nem em outros mundos, cabendo ao espírito conquistar o patamar evolutivo que permita que desempenhe essas missões.

O espírito de Vicente de Paulo tem outro protegido além de Eurípedes Barsanulfo?

Dezenas. Esse espírito desenvolve uma atividade para nós extremamente interessante, porque ele, inclusive, educa aos seus protegidos cuidarem de outros protegidos dele. Eurípedes encarnado educou outros protegidos de Vicente de Paulo e, assim, esse espírito maravilhoso desenvolveu no planeta Terra uma cadeia imensa de protegidos que ele educa para cuidar de outros protegidos dele sempre sob sua supervisão.

Foi assim que ele conseguiu instalar na Terra uma das mais generosas obras sociais da história deste mundo, e é assim que, em nosso plano, ele se torna um exemplo belíssimo, um exemplo máximo, de como um anjo guardião, agindo como um anjo guardião, gera uma imensa rede de relações de amor e de ensino mútuo.

Nós concluímos as perguntas e deixamos o espaço para a mensagem de encerramento. Agradecemos a sua presença.

Queremos encerrar, minha amiga, dizendo: o amor de Deus é um único parâmetro justo para a relação entre o anjo guardião e seu protegido. Se admiramos, com razão, o amor das mães pelos filhos, se admiramos, com razão, a devoção de alguns animais por suas crias, se admiramos, com razão, o amor e a amizade elevada, podemos afirmar, é preciso que o movimento espírita entenda, que acima de todas essas relações existe a relação com o anjo guardião, que é uma relação que expressa objetivamente um parâmetro divino e universal.

Podemos dizer, que parte os nossos corações, observar o quanto os nossos irmãos tão amados do movimento espírita não investem nas relações com seus anjos guardiões por medo e por receio de serem condenados. Porque em suas imaginações ainda limitadas e infantis projetam no anjo guardião a mesma figura que inconscientemente projetam em Deus, de um ser excessivamente austero e excessivamente rigoroso. Esta não é a verdade. Deus é, acima de tudo, misericórdia e compreensão. E o vosso anjo guardião é, acima de tudo, essa representação de Deus. O anjo da guarda é o eleito de Deus para representá-lo perante o seu protegido. Não é uma relação superficial.

Quando vemos, com felicidade, muitos espíritos encarnados que sabem o valor da maternidade e da paternidade; nos gera tristeza em ver que a grande maioria não entende o valor da relação com seu anjo da guarda.

Sugerimos que se preparem os vossos corações para que, em breve, possamos ter um outro padrão que relação dos espíritas com seus anjos guardiões.

Se podemos e devemos fazer reuniões mediúnicas para receber aqueles que mais sofrem, precisamos e devemos ter espaço, nessas mesmas reuniões mediúnicas, para que se comuniquem os anjos guardiões de cada um, para que se tenha um contato mais próximo.

Antes de uma relação mais profunda com Deus, é da lei do Pai que o indivíduo consiga ter uma ampla e profunda relação com seu anjo da guarda. Pois o anjo da guarda é o eleito pelo Criador para mostrar a uma criatura particular o Seu amor.

Que todos façam uma prece nesse instante, junto conosco, do fundo da alma, com o coração aberto ao seu anjo da guarda, suplicando, pedindo e dizendo: meu amigo guardião, espírito eleito pelo Criador do universo para me ensinar o que é o verdadeiro amor, aproxima-te de mim nesse instante. Eu te quero ao meu lado, eu quero que tuas energias me envolvam nesse momento. Agora eu sei, é vontade de Deus que tu me abrace e me ame e eu também quero retribuir esse amor com todas as minhas forças.

Muita paz, de vossa irmã e amiga, Patrícia, o anjo guardião do médium.

Sentir e compreender:

Esse exercício requer cerca de 7 minutos de atenção sem interrupção.

O ideal é fazer no decorrer do estudo, caso não seja possível, você pode fazer em outro momento.

Prepare-se em um lugar que impeça interrupções e excesso de barulho.

Utilize o primeiro minuto do áudio para relaxar, acalmar-se profundamente. 

Uma vez assimilada a primeira experiência, você pode repeti-la.

Prática:

Torne o estudo de hoje espiritualmente significativo. São três passos importantíssimos a serem dados.

Escolha uma criança: Pense em uma criança de seu convívio, pode ser uma filho/a, sobrinho etc. 

Imagine: Caso você fosse o anjo guardião dessa criança o que seria o mais importante para ensiná-la?

Colabore: Ajude, mesmo que seja com um pequeno gesto, a criança aprender o que você pensou ser o mais importante para ela. 

Ainda falta aos homens um imenso progresso a realizar: o de fazerem reinar entre eles a caridade, a fraternidade e a solidariedade para assegurar o bem-estar moral.

Allan Kardec
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