O Postivismo, fundado por Augusto Comte, foi a mais importante corrrente filosófica para o ciência no século XIX, influenciando também a política, a pedagogia, a literatura. Muitos pensadores de renome o adotaram e promoveram: na França, Pierre Laffite (1823-1903), Émile Littré (1801-1881), Ernest Renan (1823-1892) e Hyppolite Taine (1828 -1893); na Inglaterra John Stuart Mill (1806-1873) e Herbert Spencer (1820-1903), que fora o modelo intelectual de Ernesto Bozzano (1862-1943), antes dele se tornar espírita; na Alemanha Jakob Moleschott e Ernst Haeckel (1834 – 1919).
Na França, destacamos Ernest Renan (1823-1892), historiador do judaísmo e do cristianismo e Emile Littré (1801 – 1881), acadêmico e senador vitalício, autor de Comte e a Filosofia Positiva (1863) e do Grande Dicionário da Língua Francesa.
Ernest Renan
A obra de maior impacto de Renan foi A Vida de Jesus (1863) na qual é realizado um estudo sobre a vida de Jesus sob um ponto de vista exclusivamente materialista. Allan Kardec comenta em dois artigos esse livro na Revista Espírita em 1864. Afirma,
“A obra inteira é a negação desse mundo invisível e de toda a inteligência ativa fora do mundo visível. Consequentemente, também é a negação de todo fenômeno resultante da ação de inteligências ocultas e de toda relação entre os mortos e os vivos…” (RE, Junho, 1864).
A resposta mais elaborada do codificador foi dada no livro A Gênese: os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo no qual utilizando o Espiritismo e o Magnetismo o mestre de Lyon explica que os fatos da vida do Mestre, considerados fantasiosos pelos positivistas, são perfeitamante possíveis para quem não é ignoranto no saber espírita e magnético. Esclarece a posição espiritual do Cristo, que não é apenas o mais importante personagem histórico do planeta como se afirmava, mas, também, o Espírito mais elevado que Deus já enviou ao mundo.
Por isso, Kardec opta pelo vocábulo Cristo ao invés de Jesus, para destacar a natureza espiritual superior e a ligação do Mestre com Deus. Essa é a resposta de Kardec a limitadíssima escola do “Jesus histórico”.
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Emile Littré
Dado seu enorme prestígio social e por ser um opositor do Espiritismo e do Magnetismo (que segundo Kardec são ciências irmãs), o positivista Littré é citado no livro do abade Poussin no qual defende que “que todos os fenômenos magnéticos e espíritas são obra do demônio.”
Kardec não deixa de observar, com elegante ironia, a estranha união entre religiosos e materialistas contra o Espiritismo.
“Além disso, pode achar-se estranho que o Sr. abade Poussin se apóie, para combater o Espiritismo, na opinião de homens conhecidos por suas idéias materialistas, tais como os Srs. Littré e Figuier; sobretudo deste último, que mais brilhou por suas contradições do que por sua lógica, ele toma várias expressões. Esses senhores, combatendo o princípio do Espiritismo, denegando a causa dos fenômenos psíquicos, por isto mesmo negam o princípio da espiritualidade; assim, minam a base da religião, pela qual não professam, como se sabe, grande simpatia. Invocando sua opinião, a escolha não é feliz; poder-se-ia mesmo dizer que é desastrada, pois é excitar os fiéis a ler escritos que não são nada ortodoxos. Vendo-o beber em tais fontes, poder-se-ia crer que não julgou as outras bastante preponderantes.” (Revista Espírita, Janeiro, 1868, ed. Feb)
Littré teve atuação importante na Acadêmia francesa para barrar o acesso do Magnetismo ao mundo científico, adotou-se o trabalho do Dr. Braid que mudando o nme de Magnetismo para Hiponisto, adulterando a essência do Magnetismo, limitando-o significaticamante. Comenta Kardec os motivos,
“… isto por força da predominância das ideias materialistas, pois ainda há muita gente que teima, sem dúvida por modéstia, em rebaixar-se ao papel… ” (RE, Janeiro, 1860)
Em que o hipinotismo desfigura o magnetismo? Encontramos a respota no trabalho do Dr. Braid, que tudo atribui a sugestão, imposião de ideia e nega a existência dos fluidos.
Declaro agora que considero que as experiências provaram plenamente a minha teoria e exprimo toda a minha convicção de que os fenómenos de mesmerismo (Magnetismo) deveriam ser contabilizados com base no princípio de um desarranjo do estado dos centros céfalo-raqueais, e dos sistemas circulatório, respiratório e muscular, induzidos, como expliquei, por um olhar fixo, repouso absoluto do corpo, atenção fixa, e respiração suprimida, concomitantemente com essa fixidez de atenção.
Que tudo depende do estado físico e psíquico do paciente, decorrente das causas referidas, e não da vontade ou dos passes de um do operador, doando um fluido magnético ou excitando um fluído do paciente em uma atividade mística. (Braid, James. Neurypnology or Advanced Hypnosis . Traduzimos).
O que surpreeende é que a visão positivista do Dr.Braid, apoiada pelos inimigos do Espiritsmo, na época de Kardec, hoje, seja a opinião que predomina no movimento espírita sobre Magnetismo.
Pergunto-me, o que diria Kardec ao verificar que diferentes grupos espíritas se dão as mãos para combater o Magnetismo?
Será que o positivismo, antes um opositor externo, não está agora instalado dentro do movimento espírita, promovido pela união de (ex-) religiosos formalista e (ex-) materialistas que, afirmam-se espíritas, mas ainda permanecem os mesmos?