Como é que a gente deve agir, então, para não rejeitar a luz?
Humildade. Essa é a marca central da humildade, não é a auto depreciação; a humildade é a auto aceitação verdadeira.
Meu Deus, acabo de ter um profundo sentimento de inveja, é uma ferida que ainda carrego, Mestre ajuda-me com a tua luz a ver claramente a inveja que carrego para que eu possa tratá-la, para que eu possa cuidá-la, para que ela desapareça do meu ser.
Essa é a postura da verdadeira humildade, aquela que leva o ser a aceitar-se a si mesmo, seus defeitos e limitações. Observe que na mitologia do paraíso o que há é uma revolta contra a limitação. Quando a serpente diz: podereis conhecer mais, podereis ser mais, não é uma revolta necessariamente contra a deficiência, mas é não aceitar-se limitado. Só Deus é ilimitado, é importante aceitar isso.
O que fazer para evitar a expansão das mistificações?
Aceitar os defeitos. Se falamos, especificamente, das mensagens falsas, se estivermos dispostos a ver a luz será muito fácil, porque qualquer pessoa lúcida e preparada é capaz de distinguir uma mensagem inferior de uma superior.
O grande problema é que os médiuns não querem ser corrigidos, não querem ver os próprios defeitos, não querem afirmar ao final de um ano de trabalho: recebi tantas mensagens, algumas foram excelentes, a maioria foi relativamente boa, mas não serve para divulgação e outras tantas são visivelmente falsas e inferiores. Ficarei com as excelentes para compartilhar com meus irmãos, porque o médium deveria entender que faz parte da sua tarefa o separar o joio do bom grão, faz parte da sua missão acolher a tudo e partilhar o que é bom, como uma mãe generosa que tira os espinhos de um peixe, antes de dá-lo aos filhos pequenos, mas se ela rejeita os espinhos antecipadamente, os seus filhos não poderão nunca se alimentar do peixe saboroso e nutritivo. Saber reconhecer, saber aceitar-se como um ser falho.
Agradecemos a oportunidade do diálogo e deixamos o espaço para a mensagem de encerramento.
A negação da luz hoje, no próprio movimento espírita, se faz um ponto de profundas reflexões, por centenas e centenas de espíritos que ocupam a posição de dirigentes de grupos espíritas, meus amigos.
Rejeitar a luz é rejeitar o pobre que não cheira bem, rejeitar a luz é rejeitar, como aqui foi falado e nós concordamos, as mensagens elevadas dos dirigentes espirituais.
Rejeitar a luz é agir diferente de Allan Kardec, que abria amplo espaço para a participação espiritual e no momento posterior avaliava com extremo critério as mensagens e, na dúvida, questionava mais uma vez, e, na dúvida, buscava outros médiuns, mas nunca se colocou como barreira entre a comunicação de encarnados e desencarnados, nunca se colocou como um obstáculo, nunca se fez óbice, como hoje se vê em muitos que dirigem reuniões mediúniccas espíritas.
Yvonne do Amaral Pereira refletiu criteriosamente por vinte anos em relação a obra Memórias de um Suicida, mas não a rejeitou jamais.
Como poderemos produzir boa obra, com pessoas que exigem de si mesmas, por conta do orgulho, a perfeição?
Como poderemos elaborar boas psicografias, se os médiuns se recusam os anos necessários de erro e acerto, de aprendizado e de treino?
Como poderão, os espíritos que orientam o movimento espírita, manifestar-se se o medo da luz marca o coração daqueles que deveriam suplicar-lhes a orientação?
A relação com a luz se torna extremamente visível em vossas reuniões mediúnicas e em vossos sonhos em que não vos preparais para estar com a luz do Cristo, representada por vossos anjos guardiões.
A rejeição da luz se exemplifica quando negais os vossos próprios defeitos e inferioridades, negando-se, também, ser curados.
É indispensável que encerremos lembrando a passagem de nosso divino Mestre, que os homens cerraram os olhos e tamparam os ouvidos, dizia nosso Mestre, comovido de tristeza, porque os homens de sua época, e, de hoje, acrescentamos, não queriam ouvir sua voz, não queriam ver-lhe a presença, porque não desejavam ser curados. Que possamos, nós, ante essa reflexão tão dolorosa para os espíritos da Terra, reavaliarmos, em que momento eu nego a luz do Cristo, que busca me iluminar, me comover e me curar?
Paz a todos, do vosso irmão e amigo,
Cairbar de Souza Schutel.