Um Caso de Reencarnação
Vemos o mesmo Espírito (…) no livro “Nas Voragens do Pecado” (…) sob o nome de Luís de Narbonne. Vemo-lo, depois, em “O Cavaleiro de Numiers”, em reencarnação posterior àquela, com o nome de Henri Numiers. Vemo-lo ainda no pungente caso “O Drama da Bretanha”, sob o nome de Arthur de Guzman d’Évreux. E finalmente, em meados do século XIX, com o nome de Roberto de Canallejas. (…) Espírito que foi meu constante companheiro de lutas amorosas e quedas dramáticas através do tempo. (…) Foi ele [Roberto de Canllejas] o meu esposo incompreendido e desprezado de minhas passadas existências. (p.13- 15)
A sombra de Otília me impele irresistivelmente para este pavoroso destino e eu não me poderei esquivar… Terei de prosseguir nesta aventura sinistra até à completa destruição de Narbonne… Otília manda-me torturá-lo por amor, tal como a morte de Carlos, às vésperas das suas bodas com ele, até hoje tortura o seu coração! Confesso que, por vezes, chego a lamentar que fosse precisamente ele, Luís, o algoz de minha família, pois eu vergonhoso será dizê-lo – de bom grado o teria amado, tão terno e tão amigo se vem apresentando desde o primeiro instante… Mas, não importa que eu mesma sucumba nessa missão ingrata que minha Otilia a mim confiou… De que me valeria viver destituída de minha família… (p.149)
Penalizado com o drama a que eu pudera assistir investigando, por mercê de Deus, as vibrações da luz circunjacentes à aldeia de Saint-Omer, na província francesa da Bretanha, roguei ao Todo-poderoso me permitisse investigar ainda as suas causas remotas, ocorridas na Flandres Ocidental. Não me seria fácil o trabalho. Extrair da ambiência etérica de uma localidade os episódios ocorridos em seus cenários e nela fotografados é tarefa melindrosa, exaustiva. Mas, pensei: – Quem sabe se desse exaustivo labor não resultariam lições instrutivas para mim próprio ou para outrem? (Prólogo, Espírito Charles)
– Sou muito infeliz, meu caro Victor! (…) Amo Alexis profundamente, e sei que não poderei viver sem ele, mas amo também Arthur, embora, às vezes, sinta um certo temor dele e uma instintiva repulsa, logo dominada pelo coração. Em ambos é que tenho encontrado amparo e consolo para o meu isolamento… Entre um e outro, eu não poderia. (p.54)
Em um curto período de tempo, Charles encontra o mesmo Espírito – Nina – em duas encarnações. A primeira como um dançaria cigana que morre doente apesar de seu amparo. Em seguida, ele reencarna cm sua filha. Segue o diálogo mediúnico no qual eles combinam sua encarnação seguinte:
O coração de D. Ramiro vibrou de violenta emoção.
As lágrimas correram livremente por suas faces e ele respondeu:
– Oh, Nina, minha filha! Ter-te junto de mim, sem que ninguém me acuse por isso, apertar-te em meus braços como pai, pois sempre te quis paternalmente, ensinar-te a falar desde pequenina, guiar os teus primeiros passos, prover tudo o de que necessitares, para que nada te falte, compensar-te do martírio que padeceste ainda ontem, como Nina, dar-te um novo
corpo para que progridas para Deus sob o meu cuidado, dar-te o meu nome, para que sejas respeitada como eu próprio o tenho sido… oh, sim, minha amada! é o supremo desejo, a suprema felicidade do meu coração!
Mas… dize, minha querida: resolves isso de ti mesma ou possuis o beneplácito das leis de Deus para esse importante acontecimento?
– Meus bons conselheiros aprovaram essa minha petição, apelando, antes, para o Conselho Maior que os inspira. Disseram que será uma recompensa ao muito que padeci agora, com paciência e humildade, pois, vivendo como Nina Vidigal, nunca me revoltei ou me queixei. Será ensejo novo que a lei de Deus me concederá para progredir, um prêmio, pois, se eu for obediente à direção moral que, como pai, me derdes, terei dado grande passo para a minha redenção espiritual… (p.266)
Disseram-nos os nossos Instrutores Espirituais há cerca de seis meses, quando aguardávamos novas ordens para o que ainda tentaríamos no ângulo da mediunidade psicográfica:
“Narrarás o que a ti mesma sucedeu, como médium, desde o teu nascimento. Nada mais será necessário. Serás assistida pelos superiores do Além durante o decorrer das exposições, que por eles serão selecionadas das tuas recordações pessoais, e escreverás sob o influxo da inspiração.”
E por essa razão aí está o livro RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE, porque estas páginas nada mais são que pequeno punhado de recordações da nossa vida de médium e de espírita. Muito mais do que aqui fica poderia ser relatado. Podemos mesmo dizer que nossa vida foi fértil em dores, lágrimas e provações desde o berço. Tal como hoje nos avaliamos, consideramo-nos testemunho vivo do valor do Espiritismo na recuperação de uma alma para si mesma e para Deus, porque sentimos que absolutamente não teríamos vencido, nas lutas e nos testemunhos que a vida exigia das nossas forças, se desde o berço não fôramos acalentada pela proteção vigorosa da Revelação Celeste denominada Espiritismo.