Edição Feb, 2017. Tradução: Evandro Noleto Bezerra..
“Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, recordasse todas as ações que praticara durante o dia e perguntasse a si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo da guarda que o esclarecessem, adquiriria grande força para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistirá. Portanto, questionai-vos, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo agistes em dada circunstância; se fizestes alguma coisa que censuraríeis, se feita por outrem; se praticastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda isto: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto? Examinai o que podeis ter feito contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas acalmarão a vossa consciência ou indicarão um mal que precise ser curado. O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como pode alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio, que atenua as faltas e as torna desculpáveis? O avarento se considera simplesmente econômico e previdente; o orgulhoso acredita ter apenas dignidade. Tudo isso é muito certo, mas tendes um meio de controle que não vos pode enganar. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, perguntai como a qualificaríeis se praticada por outra pessoa. Se a censurais nos outros, ela não poderia ser mais legítima, caso fôsseis o seu autor, porque Deus não usa de duas medidas na aplicação de sua justiça. Procurai também saber o que pensam os outros e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, já que estes não têm nenhum interesse em disfarçar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Aquele, pois, que tem o sério desejo de melhorar-se perscrute a sua consciência, a fim de extirpar de si as más tendências, como arranca as ervas daninhas do seu jardim; faça o balanço de sua jornada moral, avaliando, a exemplo do comerciante, seus lucros e perdas, e eu vos garanto que o lucro sobrepujará os prejuízos. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem temor o despertar na outra vida. Formulai, portanto, a vós mesmos, perguntas claras e precisas e não temais multiplicá-las: pode-se muito bem consagrar alguns minutos para conquistar a felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com vistas a juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Esse repouso não é o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações passageiras? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias, perturbado pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá a pena fazer alguns esforços? Sei que muitos dizem que o presente é positivo e o futuro é incerto. Ora, é exatamente esta a ideia que estamos encarregados de destruir em vossas mentes, pois desejamos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Foi por isso que primeiro chamamos a vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que agora vos damos instruções que cada um de vós está encarregado de espalhar. Com esse objetivo é que ditamos O livro dos espíritos.”
Santo Agostinho
31 Depois de ele ter saído, Jesus diz: “Agora foi glorificado o Filho da Humanidade e Deus foi glorificado nele. 32 Se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará nele mesmo, e de imediato o glorificará. 33 Filhinhos, já pequeno [é o tempo que] estou convosco. Procurar-me-eis e, tal como eu disse aos judeus que para onde eu vou vós não podeis ir, também a vós [o] digo agora. 34 Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros, tal como eu vos amei, para que também vós vos ameis uns aos outros. 35 Nisso se reconhecerão todos que sois meus discípulos, se amor tiverdes entre vós”. 36 Diz-lhe Simão Pedro: “Senhor, para onde vais?”. Jesus respondeu: “Para onde eu vou tu não podes agora seguir-me; seguirás depois”. 37 Diz-lhe Pedro: “Senhor, por que razão não posso seguir-te já? Darei a minha vida por ti”. 38 Jesus responde: “Darás a tua vida por mim? Amém amém te digo: não cantará o galo antes que me tenhas renegado três vezes”.
Evangelho de segundo João. (Capítulo 13, versículos 31 a 38)
Vários autores. Bíblia - Novo testamento: Os quatro evangelhos (Portuguese Edition) (Kindle Locations 8901-8911). Companhia das Letras. Kindle Edition.