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Estudamos o capítulo 16, Encantamento pernicioso, do livro Libertação. Nele analisamos como pode se dá a obsessão a partir do chacra frontal e como curar-se e auxiliar nas atividades de desobsessão com o suporte deste ponto magnético. Aprenderemos a entender o que é o ponto de vista segundo evolução espiritual.
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Educação Espírita: um Convite à Juventude- Magnetismo – Encontro 10
Ponto magnético central frontal e cura magnética
Estudamos o capítulo 16, Encantamento pernicioso, do livro Libertação de André Luiz. Nele analisamos como pode se dá a obsessão a partir do chacra frontal e como curar-se e auxiliar nas atividades de desobsessão com o suporte deste ponto magnético. Aprenderemos a entender o que é o ponto de vista segundo a evolução espiritual.
Finda a reunião, reparei que a médium Dona Isaura Silva apresentava sensível transfiguração.
Enquanto perduravam os trabalhos, mostrava radiações brilhantes, em derredor do cérebro, oferecendo simpático ambiente pessoal; entretanto, encerrada que foi a sessão, cercou-se de emissões de substância fluídica cinzento-escura, qual se houvesse repentinamente apagado, em torno dela, alguma lâmpada invisível.
Impressionado, dirigi-me a Sidônio, com natural indagação, ao que ele me respondeu, atencioso:
– A pobrezinha encontra-se debaixo de verdadeira tempestade de fluidos malignos que lhe vão sendo desfechados por entidades menos esclarecidas, com as quais se sintonizou, inadvertidamente, pelos fios negros do ciúme. Enquanto se acha sob nossa influência direta, mormente nos trabalhos espirituais de ordem coletiva, em que age como válvula captadora das forças gerais dos assistentes, desfruta bom ânimo e alegria, porque o médium é sempre uma fonte que dá e recebe, quando em função entre os dois planos; terminada, contudo, a tarefa, Isaura volta às tristes condições a que se relegou.
– Não há, porém, algum recurso para socorrê-la? – indaguei, curioso.
– Sem dúvida – elucidou o orientador da pequena e simpática instituição –, e, porque não a abandonamos, ainda não sucumbiu.
É imprescindível, todavia, num processo de semelhante natureza, agir com cautela, sem humilhá-la e sem feri-la. Quando defendemos um broto tenro, do qual é justo aguardar preciosa colheita no porvir, é necessário combater os vermes invasores, sem atingi-lo.
Crestar o grelo de hoje é perder a colheita de amanhã. Nossa irmã é valorosa cooperadora, revela qualidades apreciáveis e dignas, porém, não perdeu ainda a noção de exclusivismo sobre a vida do companheiro e, através dessa brecha que a induz a violentas vibrações de cólera, perde excelentes oportunidades de servir e elevar-se. Hoje, viveu um dos seus dias mais infelizes, entregando-se totalmente a esse gênero de flagelação interior. Reclama-nos concurso ativo, nesta noite, pois cada servo acordado para o bem, quando se projeta em determinada faixa de vibrações inferiores durante o dia, marca quase sempre uma entrevista pessoal, para a noite, com os seres e as forças que a povoam.
Estampou na fisionomia significativa expressão e acrescentou:
– Enquanto a criatura é vulgar e não se destaca por aspirações de ordem superior, as inteligências pervertidas não se preocupam com ela; no entanto, logo que demonstre propósitos de sublimação, apura-se-lhe o tom vibratório, passa a ser notada pelos característico de elevação e é naturalmente perseguida por quem se refugia na inveja ou na rebelião silenciosa, visto não conformar-se com o progresso alheio.
Convenci-me de que o caso assumiria grande importância para os meus estudos particulares e, compreendendo que Margarida já recebera grandes vantagens, pedi permissão ao nosso instrutor, após o consentimento de Sidônio, para observar naquela noite o conflito inquietante entre a missionária e os que se lhe prendiam às teias escuras do sentimento.
Gúbio concordou, sorridente.
Aguardar-me-ia o regresso no dia seguinte.
Nosso grupo retirou-se conduzindo a doente e o esposo infinitamente satisfeitos e coloquei-me, ao lado de Sidônio, em interessante conversação.
– Por enquanto – explicou-me a certa altura da útil palestra –, este domicílio está sob a guarda dos nossos processos de vigilância.
Entidades perturbadoras ou criminosas não dispõem de acesso até aqui, mas nossa amiga, transtornada pelo ciúme, vai, ela mesma, ao encalço de maus conselheiros. Esperemos que abandone o veículo de carne, sob a ação do sono, e verás, de perto.
Decorridas apenas duas horas, vimos o senhor Silva que nos acenava de porta próxima, já desligado do corpo físico. Sidônio levantou-se e, convocando um de seus auxiliares, recomendou-lhe acompanhasse o dono da casa em proveitosa excursão de estudos.
O irmão Silva, junto de nós, alegou, pesaroso:
– Tanto desejava que Isaura viesse, mas não me atendeu aos apelos!
– Deixa-a! – observou Sidônio, com inflexão de energia na voz – naturalmente ainda hoje não se acha preparada para atender às lições.
O interlocutor mostrou profunda tristeza no semblante calmo, porém não vacilou. Seguiu, sem delongas, o cooperador que lhe era apresentado.
Mais alguns minutos e D. Isaura, fora do corpo de carne, surgiu- nos à vista, revelando o perispírito intensamente obscuro.
Passou rente a nós sem prestar-nos a mínima atenção, mostrando-se encarcerada em absorvente idéia fixa. Sidônio endereçou-lhe algumas palavras amigas, que não foram absolutamente ouvidas.
Tentou o amigo tocá-la com a destra luminosa, mas a médium precipitou-se em desabalada carreira, deixando-nos perceber que a nossa aproximação lhe constituía, naqueles instantes, aflitiva tortura. Encontrava-se incapaz de assinalar-nos a presença; entre tanto, percebia-nos, instintivamente, as vibrações mentais e demonstrava
temer o contacto espiritual conosco.
O benfeitor explicou-me que poderia constrangê-la a ouvir-nos, obrigando-a a submeter-se, sem reservas, à nossa influência; no entanto, semelhante atitude de nosso lado implicaria a supressão indébita das possibilidades educativas. Isaura, no fundo, era senhora do próprio destino e, na experiência íntima, dispunha do direito de errar para melhor aprender – o mais acertado caminho de defesa da própria felicidade. Ali estava, a fim de ajudá-la,
quanto possível, na preservação das forças físicas, mas não para algemá-la a atitudes com que ainda não pudesse concordar espontaneamente, nem mesmo em nome do bem que não reclama escravos em sua ação e, sim, servidores livres, contentes e otimistas.
Com grande surpresa para mim, o prestimoso guardião continuou explicando que aquela senhora, efetivamente, detinha extensas possibilidades no serviço aos semelhantes. Caso quisesse perdê-las temporariamente, outro recurso não nos cabia senão o de entregá-la à corrente da própria vontade, até que um dia conseguisse ela própria despertar em plano de compreensão mais alta.
Sabia, à saciedade, que o marido não lhe era propriedade exclusiva, que o ciúme tresloucado só poderia conduzi-la a perigosa situação espiritual, não ignorava que a palavra do Mestre exortava os aprendizes ao perdão e ao amor para que os companheiros mais infelizes não se projetassem nos despenhadeiros fundos da estrada.
Entretanto, se os seus desígnios se demorassem na linha contrária ao roteiro que o plano superior lhe havia traçado, só nos restaria deixá-la circunscrita aos círculos da mente em desânimo ou em desespero, a fim de que o tempo lhe ensinasse o reajustamento próprio.
Depois de pacientes elucidações, Sidônio concluiu num sorriso melancólico:
– Educação não vem por imposição. Cada Espírito deverá a si mesmo a ascensão sublime ou a queda deplorável.
A esse tempo, acompanhávamos a senhora Silva, fora do corpo de carne, a fugir de seu domicílio para a via pública. Estugou o passo até encontrar velha casa desabitada, a cuja sombra se lhe depararam dois malfeitores desencarnados, inimigos sagazes do serviço de libertação espiritual de que se convertera em devotada servidora. É evidente que a esperavam com o propósito deliberado de intoxicar-lhe o pensamento.
Abeiraram-se dela, amistosos e macios, sem se aperceberem da nossa presença.
– Com que então, Dona Isaura – disse um dos embusteiros, apresentando na voz mentiroso acento de compaixão –, a senhora tem sofrido bastante em seus respeitáveis sentimentos de mulher…
– Ah! meu amigo – clamou a interpelada visivelmente satisfeita por encontrar alguém que se lhe associasse às dores imaginárias e infantis –, então, o senhor também sabe?
– Como não? – comentou o interlocutor, enfático – sou um dos Espíritos que a “protegem” e sei que seu esposo lhe tem sido desalmado verdugo. A fim de “ajudá-la”, tenho seguido o infeliz, por toda parte, surpreendendo-lhe as traições aos compromissos domésticos.
D. Isaura, em lágrimas, confiou-se ao fingido amigo.
– Sim – gritou, molestada –, esta é que é a verdade! Sofro infinitamente…
Não existe neste mundo criatura mais desventurada que eu…
– Reconheço – acentuou o loquaz perseguidor –, reconheço a extensão de seus padecimentos morais, vejo-lhe o esforço e o sacrifício e não ignoro que seu marido eleva a voz nas preces, através das sessões habituais, para simplesmente acobertar as próprias culpas. Por vezes, em plena oração, entrega-se a pensamentos de lascívia, fixando senhoras que lhe freqüentam o lar.
Envolvendo a médium imprevidente na melifluidade das frases, aduzia:
– É um absurdo! Dói-me vê-la algemada a um patife mascarado de apóstolo.
– É isto mesmo… – confirmava a pobre senhora, qual se fora andorinha delicada, portadora de importante mensagem, repentinamente presa num tabuleiro de mel –, estou rodeada de gente desonesta. Nunca sofri tanto!
Indicando o quadro triste, Sidônio informou-me:
– Antes de tudo, os agentes da desarmonia perturbam-lhe os sentimentos de mulher, para, em seguida, lhe aniquilarem as possibilidades de missionária. O ciúme e o egoísmo constituem portas fáceis de acesso à obsessão arrasadora do bem. Pelo exclusivismo afetivo, a médium, nesta conversação, já se ligou mentalmente aos ardilosos adversários de seus compromissos sublimes.
Deixando transparecer imensa tristeza, acrescentou:
– Repara.
O inteligente obsessor abraçou a senhora, parcialmente desligada do corpo físico, e prosseguiu:
– Dona Isaura, acredite que somos seus leais amigos. E os protetores verdadeiros são aqueles que, como nós, lhe conhecem os padecimentos ocultos. Não é justo que se submeta às arbitrariedades do marido infiel. Abstenha-se de receber-lhe o séquito de companheiros hipócritas, interessados em orações coletivas, que mais se assemelham a palhaçadas inúteis. É um perigo entregar-se a práticas mediúnicas, qual vem fazendo em companhia de gente
dessa espécie… Tome cuidado!…
A médium invigilante arregalou os olhos, impressionada com a estranha inflexão impressa nas palavras ouvidas, e gritou:
– Aconselhe-me, Espírito generoso e amigo, que tão bem me conhece o martírio silencioso!
O interlocutor, na intenção de destruir a célula iluminativa que funcionava com imenso proveito no santuário doméstico da jovem senhora, assediada agora por seus argumentos adocicados e venenosos, observou com malícia:
– A senhora não nasceu com a vocação do picadeiro. Não permita a transformação de sua casa em sala de espetáculo. Seu marido e suas relações sociais exageram-lhe as faculdades. Precisa ainda de longo tempo para desenvolver-se suficientemente.
E envolvendo-a nos pesados véus da dúvida que anulam tantos trabalhadores bem intencionados, aduziu:
– Já meditou bastante na mistificação inconsciente? Está convencida de que não engana os outros? É indispensável acautelar-se.
Se estudar a grave questão do Espiritismo, com inteligência e acerto, reconhecerá que as mensagens escritas por seu intermédio e as incorporações de entidades supostamente benfeitoras não passam de pálidas influências de Espíritos perturbados e de alta percentagem dos produtos de seu próprio cérebro e de sua sensibilidade agitada pelas exigências descabidas das pessoas que lhe freqüentam a casa. Não vê a plena consciência com que se entrega ao imaginado intercâmbio? Não creia em possibilidades que não possui. Trate de preservar a dignidade de sua casa, mesmo porque
seu esposo não tem outro objetivo senão o de utilizar-lhe a credulidade excessiva, lançando-a a triste aventura do ridículo.
A pobre criatura, tão ingênua e prestimosa, registrava com visível terror aquela conceituação do assunto.
Espantado com a passividade de Sidônio, ante aquele assalto, enderecei-lhe a palavra, respeitoso, porém menos tranqüilo:
– Não será razoável defendê-la?
Ele sorriu compreensivamente e elucidou:
– Todavia, que fizemos, há poucas horas, no culto da prece e do socorro fraternal, senão prepará-la à própria defensiva? Trabalhou mediunicamente conosco; ouviu formosa e comovedora preleção evangélica contra os perigos do egoísmo enfermiço; colaborou, decidida, para que o bem se concretizasse e ela própria emprestou-nos os lábios a fim de ensinarmos princípios de salvação em nome do Cristo, a quem deveria confiar-se. Entretanto, apenas porque o esposo se dispôs a justa gentileza com as damas que lhe buscaram a companhia esclarecedora e fraterna, obscureceu o pensamento no ciúme destruidor e perdeu o equilíbrio íntimo, entregando-se, inerme, a entidades que lhe exploram o sentimentalismo.
Fez significativo gesto, apontando os malfeitores desencarnados, e explicou:
– Estes companheiros retardados procedem com os médiuns à maneira de ladrões que, depois de saquearem uma casa, acordam o dono, hipnotizam-no e obrigam-no a tomar-lhes o lugar, compelindo- o a sentir-se na condição de mentiroso e mistificador. Aproximam-se da mente invigilante, dilaceram-lhe a harmonia, furtam-lhe a tranqüilidade e, depois, com sarcasmo imperceptível e sutil, obrigam-na a acreditar-se fantasiosa e desprezível. Muitos missionários se deixam atropelar pela falsa argumentação que acabamos de ouvir e menosprezam as sublimes oportunidades de estender
o bem, através de preciosa sementeira que lhes enriqueça o futuro.
– Mas não há recurso – inquiri, sensibilizado – de afastar semelhantes
malfeitores?
– Sem dúvida – elucidou Sidônio, bem humorado –, em toda parte existe contenção e panacéia, remediando situações pela violência ou pelo engodo prejudiciais, mas, na intimidade de nossa tarefa, que será mais aconselhável? Espantar moscas ou curar a ferida?
Sorriu, enigmático, e prosseguiu:
– Tais dificuldades são lições valiosas que o Espírito do medianeiro, entre encarnados e desencarnados, deve aproveitar em benditas experiências e não nos compete subtrair o ensinamento ao aprendiz. Enquanto um trabalhador da mediunidade empresta ouvido. a histórias que lhe lisonjeiem a esfera pessoal, disso fazendo condição para cooperar na obra do bem, quer dizer que ainda estima o personalismo inferior e o fenômeno, acima do serviço que lhe cabe no plano divino. Nessa posição, demorar-se-á longo tempo entre desencarnados ociosos que disputam a mesma presa, anulando valiosa ocasião de elevar-se, porque, depois de certo tempo de auxílio desaproveitado, perde provisoriamente a companhia edificante de irmãos mais evolvidos que tudo fazem inutilmente pelo reerguer no caminho. Então cai vibratoriamente no nível moral a que se ajusta, convive com as entidades cujo contacto prefere e acorda, mais tarde, verificando as horas preciosas que desprezou.
A esse tempo, o obsidente de Dona Isaura afirmava-lhe, palrador.
– Estude a senhora o próprio caso. Consulte cientistas competentes.
Leia as últimas novidades em psicanálise e não perca sua oportunidade de restauração, sob pena de enlouquecer.
E comentava, sacrílego:
– Falo-lhe em nome das Esferas Superiores na qualidade de
amigo fiel.
– Sim… compreendo… – concordava a interlocutora, tímida e
desapontada.
Nesse momento, Sidônio abeirou-se do grupo e fez-se visível para Dona Isaura, hipnotizada pelos perseguidores, e a médium registrou-lhe a presença com alguma dificuldade, exclamando:
– Vejo Sidônio, nosso devotado amigo espiritual!
O verboso obsessor, que de maneira alguma percebia a nossa vizinhança, em virtude do baixo padrão emocional em que se mantinha, zombou, franco:
– Nada disso. A senhora nada vê. É pura ilusão. Abandone o vicio mental para furtar-se a maiores desequilíbrios.
Sidônio voltou algo triste e informou sem rebuços:
– Desde o instante em que Isaura se projetou na zona sombria do ciúme, tem a matéria mental em posição difícil e não se acha em condições de compreender-me. Mas, poderemos socorrê-la de
outro modo.
Em volitação rápida, no que foi seguido por mim, encontrou o marido da medianeira numa reunião instrutiva, junto de vários amigos espirituais, e recomendou-lhe tomar o corpo físico sem perda de tempo, a fim de auxiliar a esposa em dificuldade.
O irmão Silva não hesitou. Em breve, regressava à câmara conjugal, reapossando-se do veículo denso.
O corpo da senhora, ao lado dele, arfava em reiteradas contorções, acorrentado a indizível pesadelo.
Dócil à influenciação de Sidônio, procurou despertá-la, sacudindo-lhe o busto, delicadamente.
Isaura, em copioso pranto, retornou ao campo carnal sem detença, abrindo os olhos assustadiços:
– Oh! como sou infeliz! – bradou, angustiada – estou sozinha!
Sidônio, quase incorporado ao marido complacente e bondoso, levava-o a falar, construtivamente:
– Lembra-te, querida, de nossa fé e de quanto temos recebido de nossos amados benfeitores espirituais!
– Nada disso! – retrucou, irritada.
– Como assim? – tornou ele, paciente – não temos sido tão amparados, através de tua própria mediunidade?
– Nunca! nunca… – protestou a pobre senhora –, tudo é uma farsa. As mensagens que recebo são pura atividade de minha imaginação. Tudo é expressão de mim mesma.
– Mas ouve, Isaura! – aduziu o esposo, sorrindo – jamais foste mentirosa. Já sei. Caíste nas malhas dos nossos infelizes irmãos que te conduzem ao purgatório do ciúme terrível, mas Jesus nos auxiliará no oportuno reajustamento.
Nesse momento, Sidônio voltou-se para mim e lembrou:
– Penso, André, que já assististe à fase culminante da lição. E esta conversa agora seguirá até muito longe. Com o milagroso concurso das horas, pacificaremos a mente da servidora respeitável, mas exclusivista e invigilante. Volta ao teu círculo de trabalho e guarda o ensinamento desta noite.
Profundamente tocado pelo que vira, agradeci e afastei-me.
O PONTO DE VISTA
5. A idéia clara e precisa que se faz da vida futura dá uma fé inabalável no porvir, e essa fé tem conseqüências enormes sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista pelo qual eles encaram a vida terrena. Para aquele que se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é infinita, a vida corporal não é mais do que rápida passagem, uma breve permanência num país ingrato. As vicissitudes e as tribulações da vida são apenas incidentes que ele enfrenta com paciência, porque sabe que são de curta duração e devem ser seguidos de uma situação mais feliz. A morte nada tem de pavoroso, não é mais a porta do nada, mas a da libertação, que abre para o exilado a morada da felicidade e da paz. Sabendo que se encontra numa condição temporária e não definitiva, ele encara as dificuldades da vida com mais indiferença, do que resulta uma calma de espírito que lhe abranda as amarguras.
Pela simples dúvida sobre a vida futura, o homem concentra todos os seus pensamentos na vida terrena. Incerto do porvir, dedica-se inteiramente ao presente. Não entrevendo bens mais preciosos que os da terra, ele se porta como a criança que nada vê além dos seus brinquedos e tudo faz para os obter. A perda do menor dos seus bens causa-lhe pungente mágoa. Um desengano, uma esperança perdida, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que for vítima, o orgulho ou a vaidade feridas, são tantos outros tormentos, que fazem da vida uma angústia perpétua, pois que se entrega voluntariamente a uma verdadeira tortura de todos os instantes.
Sob o ponto de vista da vida terrena, em cujo centro se coloca, tudo se agiganta ao seu redor. O mal que o atinge, como o bem que toca aos outros, tudo adquire aos seus olhos enorme importância. É como o homem que, dentro de uma cidade, vê tudo grande em seu redor: os cidadãos eminentes como os monumentos; mas que, subindo a uma montanha, tudo lhe parece pequeno.
Assim acontece com aquele que encara a vida terrena do ponto de vista da vida futura: a humanidade, como as estrelas no céu, se perde na imensidade; ele então se apercebe de que grandes e pequenos se confundem como as formigas num monte de terra; que operários e poderosos são da mesma estatura; e ele lamenta essas; criaturas efémeras, que tanto se esfalfam para conquistar uma posicão que os eleva tão pouco e por tão pouco tempo. É assim que a importância atribuída aos bens terrenos está sempre na razão inversa; da fé que se tem na vida futura.
6. Se todos pensarem assim, dir-se-á, ninguém mais se ocupando das coisas da terra, tudo perigará. Mas não, porque o homem procura instintivamente o seu bem-estar, e mesmo tendo a certeza de que ficará por pouco tempo em algum lugar, ainda quererá estar o melhor ou o menos mal possível. Não há uma só pessoa que, sentindo um espinho sob a mão, não a retire para não ser picada. Ora, a procura do bem-estar força o homem a melhorar todas as coisas, impulsionado como ele é pelo instinto do progresso e da conservacão, que decorre das próprias leis da natureza. Ele trabalha, portanto, por necessidade, por gosto e por dever, e com isso cumpre os desígnios da Providência, que o colocou na terra para esse fim. Só aquele que considera o futuro pode dar ao presente uma importância relativa, consolando-se facilmente de seus revezes, ao pensar no destino que o aguarda.
Deus não condena, portanto, os gozos terrenos, mas o abuso desses gozos, em prejuízo dos interesses da alma. É contra esse abuso que se previnem os que compreendem estas palavras de Jesus: O meu reino não é deste mundo.
Aquele que se identifica com a vida futura é semelhante a um homem rico, que perde uma pequena soma sem se perturbar; e aquele que concentra os seus pensamentos na vida terrestre é como o pobre que, ao perder tudo o que possui, cai em desespero.
7. O Espiritismo dá amplitude ao pensamento e abre-lhe novos horizontes. Em vez dessa visão estreita e mesquinha, que o concentra na vida presente, fazendo do instante que passa sobre a terra o único e frágil esteio do futuro eterno, ele nos mostra que esta vida é um simples elo do conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador, e revela a solidariedade que liga todas as existências de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos. Oferece, assim, uma base e uma razão de ser à fraternidade universal, enquanto a doutrina da criação da alma, no momento do nascimento de cada corpo, faz que todos os seres sejam estranhos uns aos outros. Essa solidariedade das partes de um mesmo todo explica o que é inexplicável, quando apenas consideramos uma parte. Essa visão de conjuntos, os homens do tempo de Cristo não podiam compreender, e por isso o seu conhecimento foi reservado para mais tarde.
Diálogo Mediúnico
Agradeçamos ao Cristo a oportunidade que tivemos de trabalhar no módulo magnetismo. Muito ainda trabalharemos. A cada ano, com o amparo do Mestre, realizaremos 10 encontros aprofundando, ampliando, revisando os tópicos essenciais, repetindo o que for indispensável e desenvolvendo todo o resto.
Magnetismo era ciência esquecida, não deve ser mais. Devemos entender, espíritas e espiritualistas, que magnetismo é obra do Mais Alto que visa ensinar espíritos da Terra que seu ser deverá iluminar-se. Cada ser deve ser um foco de luz. Fomos criados, simbolicamente falando, para sermos as verdadeiras estrelas o universo. O que Sol faz? Sol é um mineral, muito pouco em relação ao que nós, filhos inteligentes, devemos fazer. O Sol deve ser a inspiração, porque você que me escuta tenha certeza: deverás, um dia, brilhar mais do que o Sol. Essa é a vontade do Pai Criador de tudo, e nós obedeceremos.
Podemos iniciar.
1ª pergunta: Muito obrigada pela sua presença hoje. Quero declarar a nossa alegria, nossa satisfação em ter participado de todo o módulo magnetismo. Que Deus abençoe esse trabalho. Como primeira pergunta, como nós podemos, de uma forma prática, alterar nossa percepção sobre a vida?
Da mesma forma que o músico aprende a compor e executar música; da mesma forma que a criança ou o adulto aprende o alfabeto, aprende a soletrar, ler e escrever; da mesma forma que vocês aprenderam a andar no corpo físico: treinar, filha, apenas isso.
Não pensem que desenvolvimento espiritual é algo diferente da natureza. Esse é o grande erro de pessoas que gostam de fantasias. Desenvolvimento dos corpos espirituais, de tudo, do próprio espírito, é semelhante ao desabrochar de uma flor, é semelhante a uma habilidade desenvolvida, não é uma coisa à parte, não é uma coisa distinta, não. Tudo tem especificidades, mas lógica é sempre a mesma. Como fazer isso? Treinando. Observa: “qual a minha percepção mais inferior? Mais doente?”. Começar a alterar. “Ah, tenho percepção inferior em relação, digamos, às mulheres, vejo mulher e desperta em mim sempre desejo grosseiro de sexualidade desregrada”, isso é percepção. Por que todas as mulheres devem ser vistas simplesmente como um ser que causa prazer em você? Como mudar isso? Simples, mas precisa continuidade.
Que tal pensar a importância, o valor da mulher em outras áreas? Você teve uma mãe, biológica ou não, alguém que deu um afeto saudável. Pense que muitas mulheres que você cruza na rua têm esse tipo de relação com seus filhos, com sobrinhos, com pessoas que adota. Pense como deve ser coração de mulher, da mulher que você vê, pense que ela também tem solidão, pense que ela tem frustração, pense que tem angústia, comece a entender o outro em sua completude. Percepção vai mudar. Que fazem espíritos das trevas encarnados hoje, no mundo da propaganda e do negócio? Força você a simplesmente ver um pequeno aspecto, distorcido ainda.
Eles fazem com a massa o que esse espírito que vocês narraram fizeram com esta médium. Perceber distorções. Então, o homem doente começa a ver mulher sempre com distorção como se fosse uma máquina estúpida e doente de sexo grosseiro, material. E ser humano inteligente aceita isso e fica com percepção doentia, como se tudo o que o outro ser humano filho de Deus fizesse estivesse sempre pensando em relação sexual. Um sorriso, uma ternura, uma brincadeira saudável. Isso fazem as trevas hoje, distorcem percepção do homem em relação a mulher, porque uma vez isso adoecido, tudo passa a ser interpretado de maneira doentia.
E mulher acha que para ser valorizada precisa adotar comportamento doentio, roupas esdrúxulas, que antes só víamos em regiões inferiores, regiões de trevas emocionais terríveis, hoje se vê em plena luz do dia, na Terra, em todos os grandes centros e até em pequenas cidades, infelizmente.
Porque um acha que precisa se desvalorizar, outro acha que pessoa gosta de ser vista apenas como um objeto tolo. Educar isso. Calma, essa mulher, mesmo bonita, mesmo atraente não é apenas isso, não pode, não é inteligente aceitar isso, imagine o que aquela pessoa pensa ao longo de um dia. Acorda cansada, cuidar de casa, trabalho, medos, aflições… Entender coração do outro, perceber a dor do outro ajuda ser humano a sair de fantasia. E aqui quero falar que vocês precisam aprender perceber a dor, isso é fundamental. O outro também sofre. Se você usa sexualmente aquela pessoa, mesmo que ela deixe, depois ela vai sofrer, vai se sentir muito triste. Você também vai, cedo ou tarde, pode ter certeza.
Por isso vocês precisarão de muita dor, filhos, porque a dor faz vocês perceberem a vida de forma mais justa. Toda vez que vocês passam por uma dor e não se revoltam, vocês se tornam mais sábios. Vocês dizem: ah, que vida feliz, vive saindo com um, com outro, mas quem vive isso começa a sentir dor imensa! E essa dor, cedo ou tarde, vai educar essa pessoa.
Então, resumo dizendo: quer educar sua percepção? Perceba a sua dor e perceba a dor do outro, porque a dor é o instrumento necessário para que vocês vejam de forma mais justa e equilibrada. A dor preparará vocês para ver a verdade. Não busquem a dor, apenas percebam a dor que já existe em vocês e perceba a dor que existe no outro.
Dificilmente, filho, você teria tanto desejo sexual por uma mulher que você fantasia se você visse o coração sofrido dela, se você visse o sofrimento que ela atravessa, porque, quase sempre, quem exibe muito o corpo é porque está com a alma muito sofrida, muito dolorida, muito doente e muitas vezes está desesperada atrás de uma cura que não encontra, porque não está ainda aceitando a dor e percebendo a luz que está ao lado.
Quer educar percepção? Se livrar de obsessão? Educar desejos? Aprenda a perceber a própria dor e a dor do outro. Por que Cristo foi crucificado? Por que tanta dor? Porque o Mestre pensou, aceitando essa dor imensa ajudarei aos meus irmãos a perceberem que eles precisam da dor para ajustar a própria percepção.
Converse com alguém que soube sofrer a percepção da vida é muito diferente de um tolo que vive em busca de felicidade falsa. Observe você, passa por um problema de dor e aceita, você se torna pessoa superior. Não temam a dor. Percebam a dor e vocês se cura, de tudo.
Hoje, trago um amigo que vem encerrar esse trabalho e ele irá falar desse assunto para vocês.
Que vocês fiquem em paz,
Do amigo espiritual de sempre.
Mensagem de encerramento:
A vida no mundo deve servir como a pedra que fere a lâmina para afiá-la. Allan Kardec não brincou jamais com o valor da dor, porque ele a sentiu em toda a extensão possível e a acolheu com a coragem serena, que é a marca dos grandes mártires do cristianismo.
Allan Kardec soube sofrer. Allan Kardec exemplificou o que é viver a verdadeira crucificação de vossa sociedade mesquinha, e jamais se apequenou, porque a cada punhalada sorria, intimamente dizendo: estou me tornando melhor. Algumas vezes afirmava: esta é a preparação que preciso para não trair as instruções do Espírito Verdade. Aconselhai-vos com a dor antes de vos tornardes crianças mimadas e adultos torpes, porque querem desconhecer o valor da própria purificação.
Espíritas, vosso caminho é estreito, vosso testemunho, árduo; e aqueles que fogem da dor, fogem do Cristo. Quantos trabalhos cancelados, para que não falem mal de mim? É o pensamento de muitos. Quantos recuaram diante da obra, porque a obra implicaria em limitações materiais para um conforto já excessivo? Quantos renegaram o próprio Mestre, porque seus caprichos pueris não foram completamente atendidos?
Irmãos da Nova Geração, uma ordem vos trago do Alto: amai a dor. Aceitai o vosso coração ser dilacerado, porque essa dor é sagrada, e toda dor que eleva o ser é sagrada.
Jovens amigos, abri os vossos peitos para que a dor penetre e vos torne digno da tarefa concedida. Covardes, fujam da luz, porque chegou a hora que o Cristo deve brilhar nos corações austeros e fraternos.
Convencei-vos, espíritas, o vosso testemunho está em vossa porta. É hora de abri-la e dizer: estou com Cristo e tudo que me acontece me elevará.
Muita paz,
Léon Denis.