Encontro 10- Rejeição da Luz e Cristianismo, hoje.

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Encontro 10- Rejeição da Luz e Cristianismo, hoje.

Resumo

Nesse encontro, refletimos sobre a negação da luz, do Cristo, em nosso dia a dia. Como e de que forma negamos o amor do Cristo? Em algum momento nos recusamos a acolher o carinho divino de Jesus? Estudamos o caso de Ernestina, trazida por André Luiz, na obra Os Mensageiros.

 

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Cairbar de Souza Schutel


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Encontro 10- Rejeição da Luz e Cristianismo, hoje.

O Caso de Ernestina no livro Os Mensageiros

O espírito de André Luiz, acompanhando um grupo de médiuns que faliram em sua última missão na Terra, apresenta, entre outros, o seguinte relato que se relaciona com o nosso tema, A Rejeição da Luz.  No capítulo 9, Ouvindo Impressões, lemos.

Deixando Acelino em conversa mais íntima com Otávio, fui levado por Vicente a outro ângulo da sala.

Muitos grupos se mantinham em palestra interessante e educativa, observando eu que quase todos comentavam as derrotas sofridas na Terra.

 

Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência do que os bons?

–  Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância.

Livro dos Espíritos, questão 932

 

— Fiz quanto pude — exclamava uma velhinha simpática para duas companheiras que a escutavam atentamente —; no entanto, os laços de família são muito fortes. Algo se fazia ouvir sempre, com voz muito alta, em meu espírito, compelindo-me ao desempenho da tarefa; mas… E o marido? Nunca se conformou. Se os enfermos me procuravam no receituário comum, agravava-se-lhe a neurastenia; se os companheiros de doutrina me convidavam aos estudos evangélico, revoltava-se, ciumento. Que pensam vocês? Chegava a mobilizar minhas filhas contra mim. Como seria possível, em tais circunstâncias, atender a obrigações mediúnicas?

— Todavia — ponderou uma das senhoras que parecia mais segura de si — sempre temos recursos e pretextos para fugir as culpas. Encaremos nossos problemas com realismo. Há de convir que, com o socorro da boa vontade, sempre lhe ficariam alguns minutos na semana e algumas pequenas oportunidades para fazer o bem. Talvez pudesse conquistar o entendimento do esposo e a colaboração afetuosa das filhas, se trabalhasse em silêncio, mostrando sincera disposição para o sacrifício. Nossos atos, Mariana, são muito mais contagiosos que as nossas palavras. 

— Sim — respondeu a interlocutora, emitindo voz diferente —, concordo com a observação. Em verdade, nunca pude sofrer a incompreensão dos meus, sem reclamar.

— Para trabalharmos com eficiência — tornou a companheira, sensata —, é preciso saber calar, antes de tudo. Teríamos atendido perfeitamente aos nossos deveres, se tivéssemos usado todas as receitas de obediência e otimismo que fornecemos aos outros. Aconselhar é sempre útil, mas aconselhar excessivamente pode traduzir esquecimentos de nossas obrigações. Assim digo, porque meu caso, ao dizer, é muito semelhante ao seu. Fomos ao círculo carnal para construir com Jesus, mas caímos na tolice de acreditar que andávamos pela Terra para discutir nossos caprichos.

(…)

Nesse instante, chamou-me Vicente para apresentar um amigo.

Ao nosso lado, outro grupo de senhoras conversava animadamente:

— Afinal, Ernestina — indagava uma delas mais jovem — qual foi a causa do seu desastre?

— Apenas o medo, minha amiga — explicou-se a interpelada —, tive medo de tudo e de todos. Foi o meu grande mal.

—  Mas, como tudo isto impressiona! Você foi muitíssimo preparada.

Recordo-me ainda das nossas lições em conjunto. As instrutoras do Esclarecimento confiavam extraordinariamente no seu concurso. Seu aproveitamento era um padrão para nós outras.

— Sim, minha querida Lesta, suas reminiscências fazem-me sentir, com mais clareza, a extensão da minha bancarrota pessoal. Entretanto, não devo fugir à realidade. Fui a culpada de tudo. Preparei-me o bastante para resgatar antigos débitos e efetuar edificações novas; contudo, não vigiei como se impunha. O chamamento ao serviço ressoou no tempo próprio, orientando-me o raciocínio a melhores esclarecimentos; nossos instrutores me proporcionavam os mais santos incentivos, mas desconfiei dos homens, dos desencarnados e até de mim mesma. Nos estudiosos do plano físico, enxergava pessoas de má fé; nos irmãos invisíveis presumia encontrar apenas galhofeiros fantasiados de orientadores, e, em mim mesma, receava as tendências nocivas. Muitos amigos tinham conta de virtuosa, pelo rigorismo das minhas exigências; todavia, no fundo, eu não passava de enferma voluntária, carregada de aflições inúteis.

— Foi uma grande infantilidade da sua parte — retrucou a outra —, você olvidou que, na esfera carnal, o maior interesse da alma é a realização de algo útil para o bem de todos, com vistas ao Infinito e à Eternidade. Nesse mister, é indispensável contar com o assédio de todos os elementos contrários.

Ironias da ignorância, ataques da insensatez, sugestões inferiores da nossa própria animalidade surgirão, com certeza, no caminho de todo trabalhador fiel.

São circunstâncias lógicas e fatais do serviço, porque não vamos ao mundo psíquico para descanso injustificável, mas para lutar pela nossa melhoria, a despeito de todo impedimento fortuito.

— Compreendo, agora — disse a outra —; todavia, o receio das mistificações prejudicou minha bela oportunidade.

— Minha amiga — tornou a interlocutora — é tarde para lamentar.

Tanto tememos as mistificações, que acabamos por mistificar os serviços do Cristo. 

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Os Mensageiros livro do espírito André Luiz, psicografado pelo médium Francisco C. Xavier em 1944, publicado pela editora Feb.

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Prefácio de Emmanuel

Este volume pretende afirmar, ainda, que, se não podes subtrair os culpados às conseqüências do erro em que se tornaram incursos, não permites que os vencidos sejam desamparados, desde que te aceitem a luz retificadora para o caminho. Mostra que, em tua bênção, os delinqüentes de ontem, hoje redimidos, se transfiguram em teus mensageiros de redenção para aqueles mesmos que lhes caíram, outrora, nas ciladas sombrias.

 

Missionários da luz - CAPA

Prefácio de Emmanuel

A missão de André Luiz é, porém, a de revelar os tesouros de que somos herdeiros felizes na Eternidade, riquezas imperecíveis; em cuja posse jamais entraremos sem a indispensável aquisição de Sabedoria e de Amor.

Para isto, não lidamos em milagrosos laboratórios de felicidade improvisada, onde se adquiram dotes de vil preço e ordinárias asas de cera. Somos filhos de Deus, em crescimento. Seja nos campos de forças condensadas, quais os da luta física, seja nas esferas de energias sutis, quais as do plano superior, os ascendentes que nos presidem os destinos são de ordem evolutiva, pura e simples, com indefectível justiça a seguirmos de perto, à claridade gloriosa e compassiva do Divino Amor.


Diálogo Mediúnico

Que o Cristo, que é o amigo que nunca abandona, que é o sol que sempre aquece e que é a ternura incansável deste mundo, possa se fazer sentir nesse instante em todos os nossos corações, que nos ligamos em Seu nome, porque se o Mestre nos prometeu que estaria onde dois ou mais estivessem reunidos em seu nome, é justo que possamos sentir e afirmar: o Mestre está entre nós. O Mestre nos conduz. O mestre suaviza, nesse instante, as nossas dores, o Mestre nos diz: aqui estou, amiga ou amigo querido, porque você se reuniu em meu nome. Que possamos, então, convictos dessa presença sutil e poderosa de Jesus de Nazaré entre nós, iniciarmos o nosso diálogo.

Mais uma vez, eu agradeço a oportunidade desse diálogo e pergunto: como a gente dever se preparar para não rejeitar a luz, a luz que é o  Cristo?

Esta questão, meu amigo, envolve uma história multimilenar. A grande maioria que se encontra hoje na Terra, por mais, certamente, de um milênio fugiu da luz. Um milênio após a vinda do Cristo. Falamos em termos gerais naturalmente. Portanto, a nossa rejeição à luz é um tema recorrente de todas as encarnações que fracassamos dolorosamente.

A nossa dificuldade em relação a luz, é a dificuldade do cego que se recusa a perceber as próprias feridas do corpo. O fato é que, simbolicamente, o comer o fruto da árvore do paraíso é tornar-se orgulhoso, é colocar-se na posição de Deus. É querer conhecer tanto quanto Deus, é querer ser Deus… E a luz nos incomoda, porque a luz mostra a verdade.

Aquele jovem, magro, simples e iluminado, com a sua presença, mesmo que silenciosa, não podia evitar que todos sentissem a própria inferioridade, porque a luz faz com que vejamos as nossas mazelas emocionais.

É o orgulho, essa vontade de tornar-se Deus, que significa o fingimento da perfeição plena, que nos torna incomodados com a visão que a luz traz, com a percepção que a luz gera, quando nos aproximamos dela.

 

Como é que a gente identifica a rejeição da luz no cotidiano e na atualidade? Em que momento?

A rejeição da luz ocorre em todos os momentos e circunstâncias em que negais ver as próprias deficiências. Em uma situação vos tornais ciumentos, é uma luz. Muitas vezes, e isso poderá assustar alguns, a obsessão é uma luz para quem quer ver os próprios defeitos, porque ela faz parte da realidade educativa, no sentido amplo, da comunidade da Terra.

Todas as vezes em que vida vos propicia a possibilidade de ver as vossas limitações e defeitos é a luz que vos toca. Frequentemente, o que fazeis? Irritai-vos, repeli-a, procurais desculpas variadas para não olhar as próprias deficiências, e, por isso, vos tornais, a si mesmos, exilados do paraíso, perdeis a vossa paz e passais a sofrer, desnecessariamente, porque não quereis aceitar as próprias limitações e deficiências.

Como é que a gente deve agir, então, para não rejeitar a luz? 

Humildade. Essa é a marca central da humildade, não é a auto depreciação; a humildade é a auto aceitação verdadeira.

Meu Deus, acabo de ter um profundo sentimento de inveja, é uma ferida que ainda carrego, Mestre ajuda-me com a tua luz a ver claramente a inveja que carrego para que eu possa tratá-la, para que eu possa cuidá-la, para que ela desapareça do meu ser.

Essa é a postura da verdadeira humildade, aquela que leva o ser a aceitar-se a si mesmo, seus defeitos e limitações. Observe que na mitologia do paraíso o que há é uma revolta contra a limitação. Quando a serpente diz: podereis conhecer mais, podereis ser mais, não é uma revolta necessariamente contra a deficiência, mas é não aceitar-se limitado. Só Deus é ilimitado, é importante aceitar isso.

O que fazer para evitar a expansão das mistificações?

Aceitar os defeitos. Se falamos, especificamente, das mensagens falsas, se estivermos dispostos a ver a luz será muito fácil, porque qualquer pessoa lúcida e preparada é capaz de distinguir uma mensagem inferior de uma superior.

O grande problema é que os médiuns não querem ser corrigidos, não querem ver os próprios defeitos, não querem afirmar ao final de um ano de trabalho:  recebi tantas mensagens, algumas foram excelentes, a maioria foi relativamente boa, mas não serve para divulgação e outras tantas são visivelmente falsas e inferiores. Ficarei com as excelentes para compartilhar com meus irmãos, porque o médium deveria entender que faz parte da sua tarefa o separar o joio do bom grão, faz parte da sua missão acolher a tudo e partilhar o que é bom, como uma mãe generosa que tira os espinhos de um peixe, antes de dá-lo aos filhos pequenos, mas se ela rejeita os espinhos antecipadamente, os seus filhos não poderão nunca se alimentar do peixe saboroso e nutritivo. Saber reconhecer, saber aceitar-se como um ser falho.

Agradecemos a oportunidade do diálogo e deixamos o espaço para a mensagem de encerramento.

A negação da luz hoje, no próprio movimento espírita, se faz um ponto de profundas reflexões, por centenas e centenas de espíritos que ocupam a posição de dirigentes de grupos espíritas, meus amigos.

Rejeitar a luz é rejeitar o pobre que não cheira bem, rejeitar a luz é rejeitar, como aqui foi falado e nós concordamos, as mensagens elevadas dos dirigentes espirituais.

Rejeitar a luz é agir diferente de Allan Kardec, que abria amplo espaço para a participação espiritual e no momento posterior avaliava com extremo critério as mensagens e, na dúvida, questionava mais uma vez, e, na dúvida, buscava outros médiuns, mas nunca se colocou como barreira entre a comunicação de encarnados e desencarnados, nunca se colocou como um obstáculo, nunca se fez óbice, como hoje se vê em muitos que dirigem reuniões mediúniccas espíritas.

Yvonne do Amaral Pereira refletiu criteriosamente por vinte anos em relação a obra Memórias de um Suicida, mas não a rejeitou jamais.

Como poderemos produzir boa obra, com pessoas que exigem de si mesmas, por conta do orgulho, a perfeição?

Como poderemos elaborar boas psicografias, se os médiuns se recusam os anos necessários de erro e acerto, de aprendizado e de treino?

Como poderão, os espíritos que orientam o movimento espírita, manifestar-se se o medo da luz marca o coração daqueles que deveriam suplicar-lhes a orientação?

A relação com a luz se torna extremamente visível em vossas reuniões mediúnicas e em vossos sonhos em que não vos preparais para estar com a luz do Cristo, representada por vossos anjos guardiões.

A rejeição da luz se exemplifica quando negais os vossos próprios defeitos e inferioridades, negando-se, também, ser curados.

É indispensável que encerremos lembrando a passagem de nosso divino Mestre, que os homens cerraram os olhos e tamparam os ouvidos, dizia nosso Mestre, comovido de tristeza, porque os homens de sua época, e, de hoje, acrescentamos, não queriam ouvir sua voz, não queriam ver-lhe a presença, porque não desejavam ser curados. Que possamos, nós, ante essa reflexão tão dolorosa para os espíritos da Terra, reavaliarmos, em que momento eu nego a luz do Cristo, que busca me iluminar, me comover e me curar?

Paz a todos, do vosso irmão e amigo, Cairbar de Souza Schutel.


 

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